OUTUBRO ROSA

Diagnóstico precoce aumenta em até 95% as chances de cura do câncer de mama

Mastologista reforça que a mamografia é essencial para rastreamento da doença
Por Maria Salésia 16/10/2023 - 08:16

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Divulgação
Mês de outubro é de combate ao câncer de mama
Mês de outubro é de combate ao câncer de mama

O câncer de mama é um dos problemas mais sérios de saúde pública no Brasil, sendo a principal causa de morte por câncer entre as brasileiras: 16,7%. Estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta que este tipo de enfermidade deve atingir cerca de 74 mil mulheres no Brasil entre 2023 e 2025. Porém, o diagnóstico precoce aumenta em até 95% as chances de cura, daí a importância da prevenção. Vale ressaltar que o ‘Outubro Rosa’ é um movimento mundial que chama a atenção para a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, mas os cuidados devem ser tomados durante todo o ano.

O câncer de mama tem causas multifatoriais, como características genéticas, alimentação e estilo de vida. Segundo o mastologista e diretor do Núcleo de Oncologia Clínica do Hospital Pérola Byington (Hospital da Mulher), em São Paulo, André Mattar, diante do impacto da pandemia do novo coronavírus nos diagnósticos e tratamento da doença, o tema se torna mais relevante. É que 62% das mulheres deixaram de ir ao ginecologista ou mastologista em 2020 e de realizar exames de mamografia, prejudicando o diagnóstico da doença em estágio inicial.

Durante o 20º Seminário Latino -Americano de Jornalismo em Ciência e Saúde, em São Paulo, o diretor do Hospital da Mulher apresentou o Centro de Alto Resolutividade implantado na instituição pública, que reduz o tempo de espera contra o câncer de mama. O diferencial é que lá, as mulheres têm acesso a todo o serviço num único lugar. Além do que, tem uma iniciativa inovadora, o tratamento contra a infertilidade.

Para Mattar, quando se tem um centro integrado fica mais fácil, todo mundo fala a mesma língua. “Se eu tenho um hospital que é focado em tratamento de uma doença ou mesmo de uma situação, a gente já sabe qual o caminho. Acho que o Brasil deveria copiar algumas coisas desse hospital (da Mulher) como a resolutividade, preservação da fertilidade e levar para outros estados”, aconselhou. André Mattar diz que, embora o Ministério da Saúde recomende o exame de rastreamento a partir dos 50 anos, é importante que se faça mamografia anualmente aos 40 anos, pois pode diminuir a mortalidade.

E esclareceu que se a mulher faz mamografia regularmente e teve câncer, só porque fez o exame, ela tem 30% de chance maior de ser curada. Porém, fazendo diagnóstico mais tardio, pode complicar o estado da paciente. De acordo com o mastologista, quando a paciente chega em uma fase, normalmente com tumor pequeno, começa com cirurgia e depois avalia outros procedimentos necessários. Se pega pessoas com tumores grandes, já pula direto para quimioterapia e depois pensa em cirurgia, se der tempo para fazer o procedimento.

“O resgate que deve ser feito nesse momento é o seguinte: você leva sua mãe para fazer mamografia? Ela já fez esse ano? Sua avó também? Porque o câncer de mama é mais frequente conforme a mais idade a gente tem. E aí ficou um tempão sem ninguém fazer. Na pandemia, as pessoas esqueceram de fazer o exame e depois também deixaram de lado. Isso acontece com pacientes do SUS, mas com os de plano de saúde, também”, comparou ao dizer da necessidade de seguir as recomendações mesmo antes dos sinais de alerta. O diretor do Núcleo de Mastologia do Hospital da Mulher em São Paulo esclareceu ainda que o homem também pode ter câncer de mama. A cada 100 diagnósticos em mulheres há um diagnóstico em homens. Mas se a pessoa tem um pai que teve câncer de mama, o risco de ela desenvolver uma mutação associada ao câncer de mama é alto.

O mastologista afirmou que a mamografia é o exame essencial para o rastreamento de câncer de mama, que quando diagnosticado no começo, apresenta uma taxa de mais de 90% de chance de cura. E adverte que geralmente de 40 a 50 anos é quando aparecem os cânceres mais agressivos. No entanto, afirmou, existem situações especiais. Tanto é que existe o rastreamento personalizado, para mulheres que têm histórico de câncer de mama ou que vêm de uma biópsia que tenha dado uma lesão precursora. “Hoje não basta saber que a mulher tem câncer de mama. É preciso identificar o tamanho e o grupo do tumor. Para cada tipo, tem tratamento diferente”, disse Mattar ao acrescentar que antes, quando a paciente recebia um diagnóstico de câncer era como uma sentença de morte, mas hoje em dia existem recursos maravilhosos. Inclusive, após cirurgia, a paciente no dia seguinte já recebe alta.

Alerta

A Sociedade Brasileira de Mastologia estima que, no risco habitual, toda mulher tem 10 a 12% de chance de desenvolver câncer de mama durante a vida. Além dos exames periódicos, o autoexame é um importante aliado da mulher. Ele vai descobrir nódulos grandes. A maior finalidade do autoexame é que a mulher conheça a sua mama. Se tiver alguma alteração, ela poderá detectar melhor do que qualquer médico. Além disso, alguns sintomas podem servir como um alerta. Modificações na mama, como um mamilo que entra, depressão na mama, um abaulamento, um caroço. Nódulo na mama ou nas axilas, secreção que sai sozinha pelo mamilo de um lado só, e alterações na pele da aréola são alguns sinais para que as mulheres procurem um médico. Embora, a patologia também pode ser assintomática em estágios iniciais. Assim, como nem todo caroço é um câncer de mama, é importante consultar um profissional de saúde.

Casos em Alagoas

Quando se pensa em números, o estudo projeta mais de 21 mil casos de câncer em Alagoas até 2025. Para o estado, 7.100 ocorrências anuais devem ser contabilizadas. No mesmo período, a região Nordeste deve ter 73,2 casos de câncer de próstata para cada 100 mil habitantes, 52,2 casos de câncer de mama para cada 100 mil habitantes e 17,5 casos de câncer de colo do útero para cada 100 mil habitantes. Em 2023, a estimativa é de 690 novos casos de câncer de mama. É o que apontam dados divulgados pelo Ministério da Saúde divulgados na segunda-feira, 2. A doença, responsável por inúmeras mortes entre as mulheres no Brasil, é caracterizada pelo crescimento anormal das células mamárias, formando tumores malignos que podem se espalhar para outros órgãos.

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