SAÚDE

Alagoas não faz transplante de rim há dois anos; 43 pessoas estão na fila

No total, 535 pessoas esperam por um órgão no estado
Por Adja Alvorável 02/03/2024 - 15:35

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Agência Brasil
Transplantes de órgãos
Transplantes de órgãos

Alagoas não realiza transplante renal pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tanto na rede pública, quanto na rede privada de saúde, há dois anos. No estado, 535 pessoas esperam por transplante de órgãos, segundo os dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde consultados neste sábado, 2. Desse total, 485 pacientes aguardam por córnea, 43 por rim e oito, por fígado. 

De acordo com a Defensoria Pública do Estado (DPE-AL), o transplante renal era feito por unidades de saúde conveniadas, que alegaram que o valor pago pela tabela do SUS estava defasado e passaram a negar a realização do procedimento. Ainda segundo a Defensoria, o Estado não estava pagando valor complementar ao pago pelo Ministério da Saúde. Por isso, o transplante não está sendo realizado em Alagoas e os pacientes são encaminhados para outros estados.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou que quatro unidades de saúde habilitadas pelo Ministério da Saúde para a realização de transplante de rim. São elas a Santa Casa de Maceió, o Hospital Vida, o Hospital Arthur Ramos e o Hospital do Coração Alagoano, este último em fase de formação da equipe multidisciplinar para iniciar os atendimentos aos alagoanos inscritos da lista de espera.

Segundo a Sesau, a rede pública foi habilitada recentemente pelo Ministério da Saúde para a realização de transplante de rins. O órgão informou que trabalha para que o procedimento seja retomado ainda no primeiro semestre de 2024. A pasta disse ainda que o Estado assegura o pagamento da complementação financeira para os transplantes realizados em hospitais da rede privada e filantrópica de Alagoas conveniados pelo Ministério da Saúde.

Em reunião ocorrida em fevereiro, o Estado apresentou uma proposta, a pedido da Defensoria Pública, de apoio financeiro adicional aos hospitais conveniados para a retomada dos transplantes, inclusive na rede privada. Uma nova reunião foi agendada para 12 de março com os diretores dos hospitais públicos e privados, com o objetivo de capacitar médicos e reduzir os casos de subnotificação de potenciais doadores, considerando o baixo número de doações de órgãos no Estado.

Recentemente, o transplante do apresentador Fausto Silva, o Faustão, ganhou repercussão. Ele recebeu um rim no último dia 26, no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo. De acordo com familiares, quando Faustão passou por um transplante de coração, no ano passado, seus rins já estavam comprometidos e ele estava fazendo hemodiálise. O apresentador ficou na fila por um transplante de rim por dois meses. 

A lista de espera por órgãos em Alagoas tem:

35 homens
- 7 têm mais de 65 anos
- 17 têm entre 50 e 64 anos
- 9 têm entre 35 e 49 anos
- 2 têm entre 28 e 34 anos
16 mulheres

- 1 tem mais de 65 anos
- 7 têm entre 50 e 64 anos
- 5 têm entre 35 e 49 anos
- 3 têm entre 28 e 34 anos

Atualmente, mais de 42 mil pessoas no Brasil aguardam por um órgão para transplante. Dessas, quase 39 mil aguardam um transplante de rim, mais de 2 mil aguardam por um fígado e 403 esperam por um coração.

Como funciona a lista de transplantes de órgãos no Brasil

Em números absolutos, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos EUA, sendo referência mundial na área de transplantes e possuindo o maior sistema público de transplantes do mundo. O Ministério da Saúde gerencia a lista de espera por transplantes no Brasil e divulga dados atualizados diariamente. A lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes do SUS quanto para os da rede privada. 

A lista funciona baseada em critérios técnicos, em que a tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados. Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica.

Além disso, algumas situações de extrema gravidade com risco de morte e condições clínicas de um paciente aguardando transplante também são determinantes na organização da fila do transplante. São eventos determinantes de prioridade na fila de doação: a impossibilidade total de acesso para diálise (filtração do sangue), no caso de doentes renais; a insuficiência hepática aguda grave, para doentes do fígado; necessidade de assistência circulatória, para pacientes cardiopatas; e rejeição de órgãos recentes transplantados.

O Sistema Nacional de Transplantes (SNT), cuja função de órgão central é exercida pelo Ministério da Saúde por meio da Coordenação-Geral do Sistema Nacional de Transplantes (CGSNT), é responsável pela regulamentação, controle e monitoramento do processo de doação e transplantes realizados no país, com o objetivo de desenvolver o processo de doação, captação e distribuição de órgãos, tecidos e células-tronco hematopoéticas para fins terapêuticos.

Como ser doador de órgãos

Na maioria das vezes, o transplante de órgãos pode ser a única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para as pessoas que precisam da doação. O gesto de familiares de um mesmo doador pode beneficiar várias pessoas e, todos os anos, milhares de vidas são salvas.

Não é preciso registrar a intenção de ser doador em cartórios, nem informar em documentos o desejo de doar, mas sua família precisa saber sobre o seu desejo de se tornar um doador após a morte, para que possa autorizar a efetivação da doação.

Após o diagnóstico de morte encefálica, a família deve ser consultada e orientada sobre o processo de doação de órgãos e tecidos. Após a manifestação do desejo da família em doar os órgãos do parente, a equipe de saúde realiza outra parte da entrevista, que contempla a investigação do histórico clínico do possível doador.

A entrevista é essencial para que a equipe possa avaliar os riscos e garantir a segurança dos receptores e dos profissionais de saúde. Doenças crônicas como diabetes, infecções ou mesmo uso de drogas injetáveis podem acabar comprometendo o órgão que seria doado, inviabilizando o transplante.

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