INDENIZAÇÃO ÀS VÍTIMAS

Braskem admite desconhecer custos com desastre da mineração em Maceió

Empresa reconhece que valor estipulado para pagar indenizações pode ser alterado por novos fatos
Por Tamara Albuquerque 15/04/2024 - 14:56

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Agência Senado
Omar Aziz entre Arantes e o relator, Rogério Carvalho Pedro França
Omar Aziz entre Arantes e o relator, Rogério Carvalho Pedro França

A Braskem admitiu à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que ainda desconhece os custos relacionados ao desastre socioambiental provocado pela mineração de sal-gema em bairros de Maceió. Na sexta-feira passada, dia 12, a empresa arquivou documentos referentes ao exercício de 2024, afirmando que há riscos sobre "possíveis aumentos" de custos relacionados ao afundamento do solo na capital alagoana. A informação é do Estadão. A manifestação da Braskem sobre recursos para pagamentos indenizatórios ao Estado, Prefeitura de Maceió e vítimas, aparece no rastro da CPI aberta pelo Senado para buscar responsabilização da empresa sobre o desastre.

Segundo o Estadão, representantes da petroquímica que impôs valores irrisórios para indenizar as vítimas e forçá-las a deixarem seus imóveis nos bairros afetados teriam dito que a Braskem não poderia prever "com confiabilidade todos os custos relacionados à resolução desta disputa. Podemos ser nomeados como réus em outras ações judiciais”. A declaração foi enviada em documento à CVM e também à Securities and Exchange Commission (SEC).

A empresa destacou aos órgãos a celebração de acordos para a finalização de três ações civis públicas, envolvendo a reparação de danos socioambientais, a compensação dos moradores atingidos pelo afundamento do solo e acordo para promover um Programa de Recuperação Empresarial e de requalificação de trabalhadores que sofreram com a perda de empregos provocada pelo desastre ambiental. A Braskem encerrou a extração do minério em Maceió em 2019.

“Não é possível antecipar todas as novas reclamações relacionadas a danos ou outra natureza que possam ser apresentadas por indivíduos ou grupos, incluindo entidades públicas ou privadas, que entendem terem sofrido impactos ou danos relacionados ao fenômeno geológico e à realocação de pessoas de áreas de risco, bem como novas notificações de infração ou penalidades administrativas de natureza diversa”, acrescentou a Braskem no documento.

A Braskem mencionou ainda outros riscos atrelados à empresa, como mudanças nas taxas básicas de juros, preços do mercado e variações de câmbio. Segundo a petroquímica, uma das formas utilizadas para mitigar esses potenciais danos envolve o uso de instrumentos derivativos direcionados para moeda estrangeira, juros, commodities, além do uso do caixa e de recebíveis. 

CPI da Braskem

Depois de mais de um mês do início dos depoimentos na CPI da Braskem, a comissão de inquérito ouviu pela primeira vez, nesta quarta-feira (10), um representante da mineradora. Marcelo Arantes, responsável pela área de Pessoas, Comunicação, Marketing e Relações com a Imprensa da petroquímica, admitiu que a empresa tem “culpa” no processo de afundamento do solo em bairros de Maceió. Ele declarou que, após o encerramento das atividades de extração de sal-gema na região, a prioridade da Braskem foi garantir a segurança das pessoas nas áreas afetadas. Segundo ele, a empresa ofereceu toda a estrutura necessária para a realocação dos moradores.
"A Braskem tem a sua culpa nesse processo e nós assumimos a responsabilidade por isso", disse. Ele declarou que a mineradora seguiu normas técnicas estabelecidas para realizar as atividades de exploração e era acompanhada pela agência reguladora do setor.


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