Em menos de um mês, o deputado federal Arthur Lira (Progressistas-AL) e o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) deixarão as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. No entanto, ao contrário do que muitos imaginavam, o retorno ao “chão de fábrica” do Legislativo não parece ser o caminho mais provável para ambos. Seus destinos continuam sendo alvo de especulação, com algumas incertezas ainda em aberto.

Ambos são considerados fortes candidatos para integrar a reforma ministerial que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá realizar nas próximas semanas. A movimentação, que deve envolver uma reorganização do governo, pode resultar na criação de um novo ministério, ampliando o poder do Centrão e fortalecendo o papel de aliados como o PSD.

A principal aposta é que Arthur Lira assuma o Ministério da Agricultura, área estratégica para Lula nas articulações rumo às eleições de 2026. Com o agronegócio predominante entre os deputados aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o petista acredita que Lira, um empresário do setor agropecuário, pode atuar como um elo para fortalecer o apoio ao governo.

Além disso, o presidente da Câmara também cogita a possibilidade de assumir a Saúde, um ministério que já figura como alvo das críticas da legenda Progressistas. O partido havia demonstrado interesse por essa pasta em momentos de crescente cobrança por entregas na área. No entanto, interlocutores do Planalto apontam que a troca de comando da Saúde é complicada, pois dificilmente Lula abriria mão de uma das pastas mais importantes do governo. Se houver mudança, a expectativa é que a substituição recaia sobre um nome do próprio PT, como o ministro Alexandre Padilha, que, por sua vez, poderia deixar a pasta de Relações Institucionais.

Embora tenha sido cogitado para esses postos, Arthur Lira tem se mostrado cauteloso quanto a aceitar qualquer ministério. O presidente da Câmara demonstrou preocupação com a possibilidade de se submeter à figura de um subordinado de Lula, algo que, durante os últimos dois anos, conseguiu evitar ao colocar o presidente em situações delicadas e conquistar o controle de temas importantes. A possibilidade de ser pressionado ou até demitido em caso de polêmicas também pesa contra uma possível nomeação.

Enquanto pondera sobre as ofertas ministeriais, Lira já se prepara para lançar sua candidatura ao Senado em 2026, com o objetivo de enfrentar Renan Calheiros (MDB), seu maior adversário político em Alagoas. Lula, que já manifestou apoio a ambos, deve atuar para fortalecer as campanhas dos dois políticos alagoanos.