SAÚDE
Santa Casa de Maceió recebe edição alagoana do Brazilian Mash Road
Evento foi voltado para cirurgiões bariátricos, hepatologistas e profissionais da saúde
A Santa Casa de Maceió sediou, na terça-feira, 4, a edição alagoana do Brazilian Mash Road, evento itinerante que reúne especialistas de várias regiões do país para discutir estratégias de diagnóstico e tratamento da doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD), popularmente conhecida como gordura no fígado. A iniciativa teve apoio da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) e da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH).
Na capital, o evento foi organizado pelo cirurgião bariátrico da instituição, Bruno Mota. Ele destacou que doenças hepáticas associadas a distúrbios metabólicos (como obesidade, diabetes e colesterol alto) representam um problema de saúde pública global, podendo evoluir para cirrose e, em alguns países, já se tornarem a principal causa de transplante de fígado.
“Trazer o Brazilian Mash Road para Alagoas reforça o compromisso da Santa Casa com a atualização científica e com práticas voltadas ao diagnóstico precoce e ao tratamento integrado. A MASLD já é uma das principais causas de doença hepática crônica no mundo e caminha para ser a principal indicação de transplante. Precisamos falar, conjuntamente, sobre prevenção, diagnóstico e tratamento”, afirmou.
Mota ressaltou ainda que, quando diagnosticada precocemente, a doença pode ser controlada com mudanças no estilo de vida e acompanhamento médico. “Atualmente as cirurgia cirurgias bariátrica e metabólica são a melhor opção para parar a evolução da doença hepática. Para fibrose e cirrose, alguns estudos mostram que há até regressão da fibrose” completou.
O evento contou com a participação do gastroenterologista alagoano, Fernando Costa, que falou sobre causa, diagnóstico e tratamento clínico da MALSD e MASH.
“A gordura no fígado está sempre associada a alguma alteração metabólica. Mesmo em pessoas que não consomem álcool, a esteatose pode evoluir para cirrose ao longo da vida. Sem inflamação, a progressão entre os estágios de fibrose leva, em média, 14 anos. Com inflamação e alterações de TGO e TGP, esse tempo cai para 7 anos. Por isso, obesos e portadores de doenças metabólicas precisam de acompanhamento contínuo. Esteatose não é algo simples”, explicou.
Segundo o especialista, hoje existem diferentes opções de tratamento, que incluem medicamentos, como os análogos de GLP-1, popularmente chamados de “canetinhas”, e cirurgia metabólica para casos avançados. “O fundamental é identificar quem precisa ser acompanhado e tratado no momento certo”, reforçou.
Vindo do Rio de Janeiro, o cirurgião bariátrico com área de pesquisa e estudo em fígado, Fernando de Barros, abordou estratégias de investigação diagnóstica e destacou a importância do exame FibroScan, método não invasivo para avaliar a rigidez hepática. Ele também discutiu possibilidades de tratamento e recuperação do fígado, inclusive em pacientes candidatos à cirurgia metabólica.
“A gordura no fígado está presente na maioria das pessoas com obesidade e síndrome metabólica, que são justamente o público frequente das cirurgias bariátricas. Avaliar o fígado antes do procedimento reduz riscos e melhora os resultados”, pontuou.
No período da tarde, a programação seguiu para a etapa prática, com realização de exames de FibroScan e cirurgias bariátricas com biópsia hepática ao vivo no centro cirúrgico da Santa Casa. Cirurgiões, hepatologistas, endocrinologistas e gastroenterologistas acompanharam os procedimentos, com análise em tempo real do fígado e discussão multidisciplinar.
MASLD | A doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD) é considerada a doença hepática mais comum do mundo, acometendo cerca de 30% da população. Está relacionada a obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão arterial e dislipidemia. Embora assintomática nas fases iniciais, pode evoluir para inflamação, fibrose, cirrose e câncer de fígado.



