Justiça
Ex-assessora de Lira operava o orçamento secreto com destinação das emendas
Mariângela Fialek recebia e encaminhava listas de destinação das verbas desviadas
Mariângela Fialek, ex-assessora do deputado federal e ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que foi alvo de operação da Polícia Federal deflagrada nesta sexta-feira, 12, era responsável pelo "controle de indicações desviadas de emendas decorrentes do orçamento secreto", segundo o ministro Flávio Dino, que determinou a operação.
Arthur Lira (PP-AL) não é alvo das investigações. A funcionária da Câmara foi alvo da Operação Transparência, deflagrada com o objetivo de apurar irregularidades na destinação de verbas públicas de emendas parlamentares, as emendas de relator. A Procuradoria Geral da República (PGR) se manifestou a favor das medidas cautelares solicitadas pela PF.
No curso das investigações, foram colhidos os depoimentos dos deputados Glauber Braga (PSOL-RJ), José Rocha (União Brasil-BA), Adriana Ventura (Novo-SP), Fernando Marangoni (União Brasil-SP) e Dr. Francisco (PT-PI). Também foi ouvido o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) e uma servidora da Câmara.
As oitivas apontaram que a ex-assessora de Lira recebia e encaminhava listas de destinação das verbas elaboradas sob orientação direta do deputado Arthur Lira. "Tais oitivas direcionaram as apurações à Representada, indicada como a principal responsável pela operacionalização do chamado 'orçamento secreto' no âmbito daquela Casa Legislativa", diz a decisão de Dino.
Segundo o ministro, os elementos reunidos "evidenciam fortes indícios de que a servidora integra uma estrutura organizada voltada ao indevido direcionamento de emendas parlamentares", inclusive em benefício de Alagoas e de municípios ligados a aliados políticos de Lira, como Rio Largo.
Nos últimos dois anos, Mariângela Fialek acumulou a função de coordenar a liberação de recursos do orçamento secreto e de fiscalizar, como membro titular do Conselho Fiscal da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Paranaíba (Codevasf), a aplicação de emendas parlamentares em obras.
"Mariângela Fialek desponta exercer o controle de indicações desviadas de emendas decorrentes do orçamento secreto em benefício de uma provável organização criminosa voltada à prática de desvios funcionais e crimes contra a administração pública e o sistema financeiro nacional", diz trecho de manifestação da PGR destacado por Dino.
Conhecida como Tuca, ela atua no setor que organiza a indicação de emendas parlamentares. Atualmente, ela trabalha na liderança do PP na Câmara. Policiais fizeram buscas em salas utilizadas pela funcionária na Câmara e também na casa dela. Um celular de Mariângela e outros pertences foram apreendidos na operação.
Um dos locais em que os policiais estiveram nesta sexta-feira é uma sala, que, nos registros da Casa, é destinada à Presidência da Câmara. O local começou a ser usado pela Mariângela em 2022, na gestão Lira. Há relatos de que era nessa sala que ela despachava sobre emendas.
Dino também citou que que a servidora continuou exercendo influência sobre a destinação das verbas mesmo após a troca no comando da Câmara.



