ECONOMIA

Brasileiros podem voltar a conviver com o horário de verão

Medida está em estudo pelo ONS para conter a demanda por energia elétrica no país
Por Redação 09/07/2025 - 14:32
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Agencia Brasil
Horário de verão foi extinto pelo Governo Bolsonaro em 2019
Horário de verão foi extinto pelo Governo Bolsonaro em 2019

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estuda recomendar ao governo federal a retomada do horário de verão como medida para conter a crescente demanda por energia elétrica no país. A possibilidade foi mencionada após análise das projeções de carga para o segundo semestre, em meio ao avanço do consumo nos horários de maior uso, principalmente no início da noite.

Segundo o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, a instituição deve entregar ainda em julho um parecer ao Ministério de Minas e Energia (MME) com dados atualizados sobre o comportamento do consumo. De acordo com ele, “o horário de verão poderá ser imprescindível para atender à demanda” durante os períodos de pico, entre 18h e 21h. Essa faixa concentra os maiores níveis de consumo, impulsionados por altas temperaturas e pelo uso intensivo de aparelhos de ar-condicionado.

A avaliação do ONS é de que, caso se confirme o cenário de sobrecarga no sistema elétrico, a mudança no fuso pode voltar a ser considerada uma ferramenta de gestão para redistribuir o uso de energia ao longo do dia. O operador ressalta, porém, que a decisão final caberá ao governo federal, após análise técnica e consulta aos diferentes agentes do setor.

“Com o crescimento das fontes intermitentes, novos desafios também surgiram para a operação. Dessa forma, precisamos cada vez mais de flexibilidade no sistema, com fontes de energia controláveis, que nos atendam de forma rápida para termos o equilíbrio entre a oferta e a demanda de energia, especialmente nos horários em que temos as chamadas rampas de carga. Isso é fundamental para garantir a segurança e a estabilidade do sistema elétrico brasileiro”, afirmou Marcio Rea, diretor-geral do ONS.

Segundo informações do Plano da Operação Energética (PEN 2025), há estimativa de crescimento de 14,1% da carga de energia até 2029. Para atender à demanda crescente, especialmente nos horários de pico, o ONS recomenda maior flexibilidade de fontes convencionais, como investimentos em hidrelétricas, e cita até o horário de verão como possibilidade para atenuar a falta de oferta.

A necessidade de preparar o sistema para "elevados montantes" de despacho termelétrico é observado a partir de outubro deste ano. Isso deve exigir disponibilidade plena da geração termelétrica, o que pode levar a um acionamento conjunto de redução da demanda.

Como funcionava o horário de verão no Brasil

O horário de verão foi adotado no Brasil de forma intermitente desde 1931, com aplicação mais regular a partir da década de 1980. A medida consistia em adiantar os relógios em uma hora, geralmente entre os meses de outubro e fevereiro, com o objetivo de aproveitar melhor a luz natural no fim do dia e reduzir o consumo de energia elétrica durante os horários de pico. O principal impacto positivo era observado no setor de iluminação pública e no uso de eletrodomésticos no início da noite.

A vigência do horário de verão variava conforme o decreto presidencial em vigor, com aplicação restrita às regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste — áreas onde a diferença de luminosidade ao longo do ano era mais significativa. A medida foi suspensa em 2019 pelo governo do então presidente Jair Bolsonaro, após estudos do Ministério de Minas e Energia indicarem perda de efetividade da política, diante da mudança no perfil de consumo energético e da crescente utilização de aparelhos de refrigeração ao longo do dia.



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