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Pesquisa aponta assédio organizacional e sobrecarga de trabalho na Caixa
Levantamento mostra que quase metade dos empregados sofreu ou presenciou ameaças
Pesquisa nacional encomendada pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) revelou que quase metade dos empregados da Caixa Econômica Federal afirmou ter sofrido ou testemunhado ameaças de perda de função e sobrecarga de trabalho — práticas classificadas como formas de assédio organizacional. O estudo, conduzido pela Acerte Pesquisa e Comunicação, ouviu 3.820 trabalhadores, entre ativos e aposentados, entre junho e julho deste ano.
O levantamento investigou os riscos psicossociais e as condições de trabalho dentro da instituição, com o objetivo de identificar impactos na saúde mental dos empregados e subsidiar políticas internas de prevenção. Os resultados indicam que a sobrecarga de trabalho é a prática mais recorrente, com quase metade dos entrevistados relatando ter sido vítima ou testemunha da situação.
De acordo com os dados, as práticas assediadoras — especialmente a imposição de metas excessivas e a ameaça de descomissionamento — aumentam em quase duas vezes o risco de uso de medicação controlada e de diagnósticos psiquiátricos. Entre os trabalhadores que relataram sobrecarga, o uso de medicamentos controlados subiu de 18,5% para 39,7%.
Apesar do quadro de adoecimento, a pesquisa aponta que 41% dos empregados nunca se afastaram do trabalho, e entre os que se afastaram, 82% não emitiram Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT). Entre os motivos, 37% afirmaram temer retaliação. Segundo a Fenae, os números indicam que muitos empregados continuam trabalhando mesmo doentes, o que dificulta o mapeamento real do problema.
Os cargos de gerência e o de técnico bancário sem função estão entre os mais afetados pela sobrecarga, com índices de 69% e 68%, respectivamente. As mulheres e os empregados mais jovens também aparecem entre os grupos mais expostos ao assédio.
Para o presidente da Fenae, Sergio Takemoto, os resultados confirmam denúncias antigas do movimento sindical sobre a pressão exercida dentro da instituição. Ele destacou que o cenário de metas elevadas e insegurança quanto à manutenção de cargos tem afetado diretamente a saúde dos trabalhadores e defendeu mudanças na gestão e no plano de saúde da categoria.




