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Eduardo Bolsonaro critica gestão de Hugo Motta e elogia atuação de Lira
Deputado diz que obstrução no Congresso foi resposta à condução da Câmara
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou a presidência de Hugo Motta (Republicanos-PB) na Câmara dos Deputados e elogiou a condução de seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL). Em entrevista à coluna de Bela Megale, publicada nesta quinta-feira, 7, pelo jornal O Globo, Eduardo afirmou que a recente obstrução promovida por parlamentares da oposição foi um recado simbólico à forma como Motta tem comandado a pauta da Casa.
“O que o [Hugo] Motta tem de fazer é o mesmo que ocorria no tempo do Arthur Lira. O plenário é o senhor das decisões, em vez de ele ficar controlando a pauta de maneira a dirigir para o resultado que deseja individualmente”, disse o deputado, que atualmente reside nos Estados Unidos.
A declaração foi dada no contexto da insatisfação de oposicionistas com a ausência de votação do projeto de lei que concede anistia a presos e investigados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Na última terça-feira (5.ago), deputados e senadores da oposição ocuparam as mesas diretoras da Câmara e do Senado e protestaram com esparadrapos na boca contra a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que decretou prisão domiciliar para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“O PL está fazendo uma obstrução na Câmara e no Senado. [Os deputados] tiveram de sentar na cadeira do presidente para mandar um recado simbólico. Estão ali no plenário, tendo entreveros com deputados de esquerda”, afirmou Eduardo. “Por que não colocaram a anistia para ser votada? Por que o Motta não faz isso? Essa é a nossa reclamação.”
A mobilização oposicionista foi encerrada na noite de quarta-feira, 6, após acordo com Hugo Motta. De acordo com o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), o presidente da Câmara se comprometeu a pautar o projeto da anistia e a proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata do fim do foro privilegiado. No entanto, interlocutores do Poder360 apuraram que Motta apenas afirmou que não irá obstruir os temas caso haja consenso entre os líderes partidários — PP, União Brasil, Novo, PL e PSD são favoráveis à votação.
Durante a entrevista, Eduardo Bolsonaro também fez acusações contra Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), afirmando que ambos estariam “no radar” de autoridades norte-americanas, assim como o ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, os dois parlamentares podem ser alvo de sanções de um eventual governo republicano comandado por Donald Trump. “Uma vez que não é pautado o impeachment do ministro Alexandre de Moraes no Senado, uma vez que o presidente da Câmara não pauta uma anistia, eles estão entrando no radar das autoridades americanas”, declarou Eduardo.
O deputado já havia feito afirmações semelhantes anteriormente, sugerindo que aliados de Bolsonaro investigados ou criticados pelo STF teriam apoio de setores conservadores internacionais.