A avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a subir, após meses em queda, segundo levantamento do Instituto Real Time Big Data divulgado nesta semana. Pela primeira vez desde o início do ano, as percepções positivas superaram as negativas: 37% dos entrevistados avaliaram o governo como bom ou ótimo, contra 35% que o consideraram ruim ou péssimo.

Em julho, a diferença era de 13 pontos a favor das avaliações negativas — 43% de reprovação contra 30% de aprovação. A virada começou a se desenhar no final de setembro e se consolidou no dia 7 de outubro, “num clássico cruzamento em X entre os índices positivos e negativos”, observa o consultor eleitoral e analista político Wilson Pedroso, autor da análise.

Segundo Pedroso, a recuperação da imagem presidencial se deve a uma combinação de fatores. “Houve uma clara mudança na estratégia de comunicação. A entrada de Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação Social trouxe mais coerência e vitalidade à presença digital do governo. As campanhas passaram a usar uma linguagem mais popular e até hits da internet, aproximando Lula de um público que vinha se afastando”, explicou.

No campo econômico, a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil teve impacto direto na percepção popular. “Essa medida foi recebida com entusiasmo porque fala diretamente ao bolso do trabalhador. Ela deu um tom de esperança e ampliou o diálogo do governo com a classe média e os assalariados”, avaliou o consultor.

Pedroso destacou ainda que a desorganização da oposição contribuiu para o avanço do presidente nas pesquisas. “Com a condenação de Jair Bolsonaro e a ausência de uma liderança consolidada à direita, o discurso oposicionista se fragmentou. Lula soube ocupar esse vácuo com uma narrativa de estabilidade e crescimento”, observou.

Outro ponto decisivo, segundo o analista, foi a reaproximação diplomática com os Estados Unidos, após as tensões comerciais geradas pelo “tarifaço”. “A presença ativa do vice-presidente Geraldo Alckmin, que dialoga bem com o empresariado e com Washington, ajudou a reduzir ruídos e reposicionar Lula no cenário internacional”, afirmou.

Mesmo com a melhora, Pedroso pondera que o cenário ainda é volátil. “O que o Lulômetro vai mostrar nos próximos meses depende muito do ritmo da economia e da capacidade do governo de manter o diálogo com o povo. Política não é cálculo matemático — o humor do eleitor muda com o vento”, concluiu.