brasília

Lula busca Arthur Lira para destravar votações após impasse com Hugo Motta

Deputado perde força nas negociações; governo tenta reaproximação com o alagoano
Por Redação 24/10/2025 - 05:55
A- A+
Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
O presidente Lula e o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira
O presidente Lula e o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira

Diante das dificuldades para aprovar a proposta fiscal que deve ser votada na próxima semana, o governo Lula decidiu recorrer novamente ao deputado Arthur Lira (PP-AL) para tentar recompor a base de apoio e garantir a votação de medidas que podem render até R$ 30 bilhões à União em 2026. A iniciativa ocorre em meio ao desgaste com o atual presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que não tem conseguido mobilizar votos suficientes para o Planalto.

Segundo informações da coluna de Cláudio Humberto, Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, reuniu-se na quarta-feira, 22, com dois aliados próximos de Lira para tentar apaziguar o clima. O ex-presidente da Câmara estaria irritado após o governo ameaçar a demissão de Carlos Vieira da presidência da Caixa Econômica Federal — indicação ligada ao alagoano.

A tensão aumentou quando o governo insinuou transferir cargos do banco estatal para a cota política de Hugo Motta, movimento que acirrou a disputa interna e revelou a fragilidade do comando do parlamentar para garantir o avanço de pautas do Executivo. Motta, por sua vez, tem dito que não há ambiente político para votações que impliquem aumento de impostos, contrariando a equipe econômica.

Enquanto isso, o Palácio do Planalto intensifica gestos em direção a Lira, que tem mantido conversas com parlamentares influentes como Dr. Luizinho (PP-RJ) e André Fufuca (PP-MA). O movimento coincidiu com críticas públicas de Motta à articulação política do governo. Para tentar seduzir o alagoano, o presidente Lula sinaliza que pode apoiar — ou, ao menos, não atrapalhar — uma eventual candidatura de Lira ao Senado nas eleições de 2026.

O gesto é interpretado como tentativa de reaproximação após meses de distanciamento entre o Planalto e o ex-presidente da Câmara, que continua a exercer influência decisiva sobre parte expressiva da bancada do Centrão.

Nos bastidores, interlocutores de Lira avaliam que ele observa o cenário com cautela, evitando compromissos imediatos com o governo, mas ciente de que sua capacidade de articulação ainda é vital para destravar votações em uma Câmara marcada pela dispersão partidária e pelo desgaste entre lideranças.


Encontrou algum erro? Entre em contato