'Troica Europeia' e EUA politizaram o programa nuclear iraniano, afirma representante russo

A "troika europeia", composta por Reino Unido, Alemanha e França, e os EUA politizaram o programa nuclear iraniano e tomam regularmente medidas que agravam a situação, afirmou o representante permanente da Rússia junto às organizações internacionais em Viena, Mikhail Ulyanov,, neste sábado (6).
"Os EUA e, especialmente, a 'troika europeia' politizaram essa questão [o programa nuclear iraniano] e estão tomando regularmente medidas que estão piorando a situação," disse Ulyanov em entrevista à agência iraniana Press TV.
O Irã e os Estados Unidos realizaram cinco rodadas de negociações indiretas sobre o programa nuclear iraniano, mediadas por Omã. A sexta rodada estava prevista para 15 de junho, mas não ocorreu devido à eclosão do conflito militar entre Irã e Israel.
O principal pretexto para a ação militar contra o Irã foi a acusação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), de Israel e dos Estados Unidos de que a República Islâmica estaria desenvolvendo um programa nuclear militar secreto. Durante o conflito, os principais alvos foram as instalações nucleares iranianas, que foram submetidas a ataques aéreos, primeiro por Israel e depois pelos Estados Unidos.
Em resposta aos ataques contra suas instalações nucleares, o presidente iraniano Masoud Pezeshkian emitiu um decreto implementando uma lei que suspende a cooperação com a agência por sua atuação no conflito.
Nos últimos dois meses, o Irã intensificou os contatos com Reino Unido, França e Alemanha para concluir um novo acordo nuclear. Os países europeus inicialmente exigiram que Teerã aceitasse realizar negociações diretas com Washington.
Como a Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU, que aprovou o acordo nuclear iraniano de 2015, expira em 18 de outubro de 2025, a UE3 ameaçou o Irã com o acionamento do mecanismo de restauração das sanções internacionais caso a República Islâmica não concorde com o novo acordo até o final de agosto ou com a prorrogação da resolução.
Em 28 de agosto, o Reino Unido, a França e a Alemanha notificaram o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o início do mecanismo de restauração das sanções internacionais contra o Irã, que haviam sido suspensas pelo acordo nuclear de 2015.
No entanto, as sanções não entram em vigor imediatamente; um projeto de resolução para continuar com a suspensão das sanções deve ser submetido à votação no Conselho de Segurança da ONU. Se tal resolução não for aprovada em até 30 dias, as sanções serão restabelecidas automaticamente.
MRE do Irã expressa esperança de que Teerã e a troica europeia cheguem a entendimento
Também neste sábado, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi afirmou que Teerã continua aberto ao diálogo e espera alcançar um entendimento mútuo:
"Ao recorrer ao mecanismo de restauração das sanções internacionais, os países da 'troica europeia' cometeram um grande erro. Nosso diálogo com eles continua, e espero que sejamos capazes de chegar a um entendimento mútuo", declarou o ministro em seu canal oficial no Telegram.
Araghchi também observou que a troca de mensagens entre Teerã e Washington sobre o dossiê nuclear iraniano continua por meio de intermediários, e que o Irã iniciará negociações diretas com os Estados Unidos quando estes estiverem prontos para um diálogo que respeite os interesses mútuos e se baseie no respeito recíproco.
No fim de agosto, os ministros das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi; da Rússia, Sergei Lavrov; e da China, Wang Yi, enviaram uma carta conjunta ao secretário-geral da ONU, António Guterres, solicitando que a entidade impeça a retomada de sanções.
Como medida de pressão, parlamentares iranianos elaboraram um projeto de lei para abandonar o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) caso o trio ative o mecanismo de sanções.
Em 22 de agosto, o chanceler iraniano Abbas Araghchi alertou, em conversa telefônica com seus homólogos europeus e a alta representante da União Europeia, Kaja Kallas, que qualquer tentativa de restabelecer as sanções sob o acordo nuclear de 2015 seria injustificada do ponto de vista legal e moral e acarretaria graves consequências.
Por Sputinik Brasil