colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Vida longa, longa vida

12/09/2022 - 14:48

ACESSIBILIDADE


No último 30 de agosto, um casal muito querido, José e Lineuza, fez sessenta anos de casados, o que chamamos de Bodas de Diamantes.

Quantas experiências vividas! Alegrias, tristezas e um saldo positivo por estarem juntos com filhos, netos e bisnetos. Olhando pra trás, devem relembrar tudo por que passaram e, no fim, idosos, agradecem a Deus por estarem vivos e lúcidos.

com as uniões das turmas jovens, a dos netos, ficamos impressionados com tantas contradições. Os mais jovens começam pelo fim: vivem juntos, para depois pensarem em casar ou não. A tal união estável virou moda. Mesmo que eles pensem de maneira diferente, estão casados e não sabem. Mas sujeitos à lei.

Virgindade é um fato inexistente! A jovem não valoriza mais semelhante situação. O namoro já começa com o casal vivendo junto, sem imaginar que o excesso da convivência no quarto pode chegar à vulgaridade.

Moro numa pequena cidade litorânea que faz fronteira com Maceió e vejo meninas de quinze, dezesseis anos, com uma criança no colo. A mãe para de estudar, para de trabalhar e nem sempre consegue conviver com o pai da criança. Daí surgem famílias sem estruturas, com filhos de pais diferentes.

Nos dias de missa, encontro meninas que conheço desde crianças, já com dois, três filhos, vivendo com novos maridos. Muitas vezes, os avós, cujas condições são precárias, aceitam as filhas com suas crias.
Dentro da própria família, vemos filhos, filhas, sobrinhos, sobrinhas, já no terceiro, quarto casamento. Começo então a analisar qual o segredo de um casamento longo.

No meu caso, já vou pra sessenta anos de casada, em março de 2023 e sinto que já passei por fases difíceis, momentos bons, grandes tristezas e chego à conclusão de que o fundamental é o amor e a renúncia.

Deve ser intrigante falar em renúncia, mas, a partir de uma vida em comum, tanto o homem quanto a mulher precisam viver uma nova vida. Importante é a fidelidade de ambos. É impossível conviver com um homem sabendo que ele não é fiel. Vários casamentos se dissolvem porque o parceiro ou a parceira não soube ser fiel.
É muito comum encontrarmos alguém casado dançando ou namorando em determinados lugares. Lembro-me de um político famoso que quebrou a máquina de um fotógrafo, numa casa de festas em Maceió. Era casado e estava bem (ou mal) acompanhado. Foi um escândalo naquela época!

Entretanto, o amor recíproco é o mais importante! Não vejo nada melhor do que o verdadeiro amor. Eu, desde os quinze anos, amo um homem só. Os dois têm defeitos e qualidades, erram e acertam, mas o elo forte que nos une segura o casamento.

Tenho várias amigas viúvas e pergunto sempre a todas elas como administrar a viuvez. A resposta é uma só: “Muito difícil, Alari. Entretanto, precisamos conviver com a falta do companheiro”.

Recentemente, uma grande amiga minha, casada há sessenta anos, viu o companheiro ir embora para a eternidade. Estivemos juntas e ela me disse que ainda o sentia perto dela.

Há casos de separação que são inevitáveis e na segunda experiência, ele ou ela, consegue viver melhor. Existe a administração dos filhos meus, seus e nossos. Conheço casos de segundos matrimônios bem ajustados e felizes.
Se analisarmos os casamentos de minha época, de meus filhos e dos netos, encontramos casos diferentes. Os mais antigos casam sem pensarem em separação. Os do meio já enfrentam novos tipos de convivência e os atuais já casam pensando em se separar.

Preocupa-me a situação de nossos jovens: começam pelo fim, separam com facilidade, não pensam no velho “slogan” felizes para sempre!

Do alto de meus oitenta e um anos, casada desde 1963, desejo aos mais jovens muito amor e uma longa vida com um bom companheiro.

Deus existe, Não duvidem!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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