colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

A vida continua...

14/04/2024 - 06:00
Atualização: 16/04/2024 - 22:20

ACESSIBILIDADE


Começamos a analisar as diferenças da vida atual: os namoros, o dia a dia, as doenças. Antigamente, o câncer era o comprovante de fim de vida. Vi muita gente indo embora. Perdi grandes amigos com este mal. No momento, a doença virou quase crônica. Há casos de cura, de longos tratamentos. Já não é sentença de morte.

O que mais me entristece é ver crianças com ele. O sofrimento é grande e, nem sempre, os pobres coitados sobrevivem. Perdem a força, a vontade de brincar e penam muito com as tais quimioterapias. Vejo filmes bem tristes com crianças doentes e me emociono. "Cartas para Deus" foi um deles.

Quando era menina, vi a mãe de uma amiga gritando na cama durante meses. Naquela época era uma doença nova, que não tinha cura. As pessoas iam para o Rio de Janeiro ou São Paulo, buscando melhores tratamentos, mas nem sempre ficavam boas. Conheci apenas uma que sobreviveu.

Uma amiga de minha filha, juíza, apareceu com uma pequena mancha no pescoço. Era um linfoma e a tal criatura não viveu dois anos.

Recentemente, soube de uma amiga que está com câncer nos ossos. Não deve ter sessenta anos! Vai sentir muitas dores, fazer longos tratamentos e, se Deus quiser, sobreviverá. Estamos torcendo por ela!

Não sei de onde vem tal doença! Será hereditária? Será consequência de má alimentação? Ninguém sabe, mas vivemos assustados. Quem será a próxima vítima? É difícil a família que não tenha uma pessoa com a fatídica doença.

Uma jovem de 52 anos, que era de nossa família, apareceu com um raro tipo de câncer. Já atacou seios, pulmões e ossos. Os médicos dizem que o tratamento é paliativo e sem cura. Ela não sabe do perigo que corre. Deixará um filho de 15 anos sem pai. Deus estará testando a pobre mulher? Só nos resta rezar para que Deus tenha piedade dela.

Cada dia me surpreendo mais com o surgimento da doença que apavora o mundo todo. Uma princesa do Reino Unido descobriu que está seriamente doente. Os jornais exploram o caso da jovem futura rainha. Ela tem condições de tratamento caro na Europa. Se fosse uma pobre coitada, dependente do SUS, ficaria vários meses aguardando vaga para se operar e, com certeza, morreria mais cedo.

As filas no Brasil de pessoas que se tratam de câncer são enormes. Falta material para quimioterapia, a marcação das cirurgias é uma novela. O tratamento é bem vagaroso. Vemos, pela imprensa, pessoas reclamando dessa lentidão.

Eu sou uma das vítimas da famigerada doença. Apareci com uma pequena afta na língua. Corri atrás de vários dentistas. Fiz biópsia da ferida e descobri: era maligna. Tive que operar e não precisei de químio, nem de rádio. Entretanto, fiz raio laser e tomei muito remédio. Preciso ir à oncologista de três em três meses. Será que ele vai voltar? É outro sofrimento.

Quando reclamo aos meus médicos pelos remédios caros que tenho de tomar, pelos exames que tenho de fazer, pela lentidão do plano de saúde, eles riem e afirmam: "Agradeça a Deus! Você tem condições de realizar um bom tratamento".

Se você estiver numa reunião com cinco pessoas, fatalmente alguém já teve ou está em tratamento oncológico. Quase ninguém escapa!

Qualquer mancha que aparece no corpo, qualquer dor diferente ou outro qualquer sintoma, já assusta a criatura e ela pensa que é vítima do câncer.

Acompanho o tratamento longo e doloroso de grandes amigas vítimas dessa doença. É uma luta inglória, sofrida, as forças vão embora, os sintomas machucam o corpo. O importante é ser otimista, pensar sempre na cura e segurar na mão de Deus.banner

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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