colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Atendimento ao público

28/04/2024 - 06:00
Atualização: 26/04/2024 - 22:53

ACESSIBILIDADE


Desde os 18 anos trabalhei no serviço público e sempre dei valor ao atendimento às pessoas que me procuravam. Mas de vez em quando não tinha a sorte de ser bem atendida. Esta semana, dia 23, ao meio-dia, fui a uma loja que vende galetos na Pajuçara. Surpreendi-me ao não ver a dona que me atendia há muitos anos. Dei de cara com um homem carrancudo, atendendo a várias pessoas. Como tenho 83 anos e só vi jovens no recinto, pedi que ele me atendesse. Foi grosseiro comigo e mandou que tivesse paciência. Não comprei o galeto e saí de lá com pressão alta e dor de cabeça. É bom o Procon verificar o atendimento do moço! Fui presidente do “velho” Sindicato dos Trabalhadores da Assembleia Legislativa durante vários anos. Dizia aos companheiros que ajudavam na minha gestão: Tratem bem às pessoas que aqui venham precisando de algo.

Certa feita, um colega morador de Paripueira precisou de um tratamento dentário. Passei na recepção e ouvi gritos. Era ele reclamando por ter que pagar ao sindicato o tratamento a receber. Chamei-o ao meu gabinete e expliquei que material odontológico era muito caro. Cobrávamos o material e dez por cento a mais, para pagar aos dentistas. Não havia lucro. Pedi o contracheque do moço e verifiquei que ele não era sindicalizado e não teria direito ao tratamento. Moral da história: pedi que ele fizesse uma tomada de preço na cidade e se encontrasse menores valores que os nossos, autorizaria que os dentistas tratassem dele. Voltou dias depois, envergonhado e começou a se tratar conosco. Há uma filosofia entre os associados dos sindicatos de que a entidade é deles e podem fazer o que quiserem. De vez em quando, chega uma valente ou um valente, tratando mal as pessoas que trabalham para eles. Na nossa festa de Natal, em dezembro último, uma companheira não sorteada ficou brava e foi tomar satisfações com a turma que trabalhava no local desde cedo. Gritou, xingou o pessoal da entidade e exigiu que mostrasse seu nome na caixa do sorteio. Eu não ganhei nada e achei normal que uns recebessem prêmios e outros não. Afinal, não havia presentes para todos.

No mesmo dia em que fui agredida verbalmente na loja de galetos da Pajuçara, entrei num bom supermercado da Ponta Verde, e a atendente, que era surda, pesou minhas frutas e me alertou para o exorbitante preço da romã: duas por oitenta reais. Claro que não comprei frutas tão caras. Frequento alguns laboratórios de Maceió, onde faço exames. Quando sou bem tratada, volto para o mesmo lugar. Recentemente, tornei-me fã de carteirinha do Laboratório Sabin. Obrigada a todos que lá trabalham. Chegando à velhice, aparecem doenças e precisamos de vários médicos. Tenho tido sorte. Falo com eles pelo “zap”, consigo ser atendida dentro das possibilidades deles. Gosto de todos, afinal, velho gosta de gentileza e atenção. Eu sou 80+. Outro acontecimento irritante para o público que usa a internet são as “lives” de propaganda de remédios. As criaturas falam por vários minutos para indicar um novo medicamento. Caros leitores, o bom atendimento traz de volta o cliente! Quando ele não é bem recebido, não retorna ao “local do crime”. Quero dizer o seguinte: na tal loja de galetos não voltarei jamais. É uma pena; eu era freguesa antiga. Deus na causa!banner

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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