colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Duelo de gigantes

02/05/2023 - 16:03

ACESSIBILIDADE


Desde que Arthur Lira chegou à presidência da Câmara Federal, assisto de camarote à briga de políticos do Sul e do Sudeste para derrubá-lo. É impressionante como incomoda o crescimento de alguém, principalmente, se for nordestino.

Trabalhei com o pai do deputado, quando ele era um adolescente. Eleito vereador por Maceió, foi crescendo, se elegeu deputado estadual, participou da Mesa Diretora do Poder Legislativo e foi eleito deputado federal. Poucos, muito poucos, esperavam que ele chegasse à presidência da Câmara Federal. Mas, chegou e já foi reeleito.

Não é de fácil convivência, mas é muito sabido. Pontualidade não é o seu forte e sua franqueza chega às raias da grosseria. Uma colega nossa, com câncer, não foi bem tratada por ele. Outra esperou dois anos pela aposentadoria, que só foi publicada no dia de sua morte.

São tristes lembranças nossas que talvez não sejam as dele. Entretanto, o tempo passa e tudo vai ficando no esquecimento. Se o encontrar, não sei se reconhecerá a pobre “Velhinha das Alagoas”.

Comecei a ouvir falar em Renan Calheiros desde os idos de 70. Lia e ouvia suas entrevistas. Foi deputado estadual em Alagoas, mas eu estava fora do estado, como chefe de Gabinete do Incra no Nordeste.

Cresceu, continuou crescendo e chegou ao Senado Federal. Sua grande decepção foi perder a eleição para governador de Alagoas. Seu opositor, Geraldo Bulhões, era apoiado pela primeira dama da República. Levantou a cabeça, foi à luta e chegou a ser ministro da Justiça e depois, presidente do Senado Federal. Quando brilhou demais, os falsos amigos tentaram derrubá-lo e conseguiram.

O fato que mais me impressionou em Renan Calheiros foi por ocasião do afastamento da presidente Dilma Roussef. Era presidente do Congresso Nacional. Apresentou uma emenda dividindo o processo de impedimento dela. Nem os aliados entenderam sua atitude. E ele enraivecido, replicou: “Estou defendendo todos nós!” Fiquei impressionada com a vivacidade do senador.

Elegeu o filho para o governo de Alagoas por duas vezes e quase não se reelege senador. Sua última eleição foi muito bem trabalhada pelo Renan Filho, que fez, aliás, um bom governo.

Hoje, vemos os dois políticos, Lira e Renan, lutando para conquistar mais prefeituras em Alagoas. Recebem muito dinheiro do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral e, então, selecionam os candidatos de seus interesses.
Um exemplo típico desse jogo político é o deputado federal Alfredo Gaspar. Secretário de Segurança de Renan Filho realizou um excelente trabalho. Candidato a deputado federal com o apoio de Arthur Lira conseguiu mais de cem mil votos. Coisas da política das Alagoas!

Os Renans emplacaram Paulo Dantas como governador de Alagoas com a ajuda dos deputados estaduais, capitaneados pelo deputado Marcelo Vitor, presidente da Assembleia Legislativa Estadual.

Atualmente, Alagoas está dividida politicamente em dois grupos chefiados por Lira e por Renan. Ambos fazem parte da equipe do Governo Lula. Ouço declarações dos dois lados e verifico a necessidade de aparecer da dupla. Lira está sendo criticado por parte da imprensa, perdeu alguns dos deputados do seu grupo e briga com o presidente do Senado. Renan quer a CPMI para apurar fatos do Governo Bolsonaro, mas Lula não quer.

É divertido ver a disputa entre estes alagoanos que cresceram muito, se destacaram lá fora, mas não perderam as raízes, pois é através delas que se elegem e levam outros políticos para seu grupo.
O jogo é pesado, contudo não deixa de ser interessante. Quem vai ganhar no fim de tudo? Vêm aí as eleições municipais. Dura prova!

Façam suas apostas!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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