colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

A visão da velha senhora

15/05/2023 - 16:01

ACESSIBILIDADE


Acompanhei, através da mídia, os quatro anos do Governo Bolsonaro. Saímos de dezesseis anos do Partido dos Trabalhadores. Para nós, de centro-direita, foi uma administração complicada, regida pela esquerda brasileira.

Jogamos nossas esperanças no moço que se elegeu para fazer um governo diferente e corrigir erros anteriores. Era um capitão da reserva do Exército que procurou ajuda nas Forças Armadas.

Escolheu Bolsonaro vários ministros, mas não teve sorte com alguns. Moro, ministro da Justiça, veio prometendo prender os corruptos. Fez um estardalhaço enorme com a prisão do Lula. No fim, Moro caiu e o político nordestino por uma firula jurídica virou vítima e voltou a ser presidente.

Continuou o governo do Bolsonaro: problema com os filhos, atuação discutível na pandemia, demissão de vários ministros. Teve uma boa atuação em algumas áreas. Citaria duas: Infraestrutura e Ciência e Tecnologia.
O ministro da Economia teve um bom desempenho, mas foi implacável com o funcionalismo público, alterando as aposentadorias e concedendo reajustes mínimos.

A atuação do vice-presidente, general Hamilton Mourão, merece uma análise mais demorada.
Veio para ajudar Bolsonaro nas suas intenções de livrar o Brasil dos erros dos governos anteriores. Começou bem, mas o presidente foi se afastando, os filhos de Bolsonaro começaram a atacá-lo. Ele, muito discreto, não falava mal do governo. Só uma vez em que foi questionado sobre os filhos do presidente, respondeu friamente: “Os filhos são problemas dele”.

Ficou quase invisível, não aparecia e Bolsonaro mal falava dele e com ele. Nós, pobres mortais, assistíamos pela TV a um jogo sujo sendo administrado contra o general Mourão. O militar continuou calado, discreto e fiel ao cargo.

Para surpresa de todos, foi nomeado para cuidar da Amazônia. Sentíamos, entretanto, que não lhe davam apoio e verba para missão tão importante. Ele foi navegando através de águas turbulentas, mas em suas entrevistas não “passava recibo”, isto é, não contava o suplício em que vivia.

Finalmente veio o período eleitoral. O presidente, candidato à reeleição, descartou Mourão e anunciou outro candidato a vice. Uma bela paulada!

Calado, candidatou-se a senador pelo Rio Grande do Sul e foi eleito. Na saída de Bolsonaro, o Brasil virou de cabeça para baixo. O presidente passou o governo para Mourão e viajou para os Estados Unidos.

Assumiu o cargo maior de nosso país, assinou alguns documentos e não passou o governo para o Lula. Não fez alarde, não falou mal de ninguém, saiu como entrou: com dignidade; um comportamento digno de admiração.
Tais fatos que narro para meus leitores são o resultado de quatro anos acompanhando o governo Bolsonaro. Houve acertos, erros, coisas boas, coisas ruins. Mas foi injusto com seu vice.

Hoje, senador da República e general da Reserva, está quieto, calado até demais, contudo, que eu saiba, não está sendo processado, nem perseguido.

Vejo no momento atual, a Justiça querendo prender Bolsonaro. Toda semana aparece um fato novo. Vários assessores já foram presos e o Brasil inteiro aguarda a prisão do antigo presidente. O coitado não pode abrir a boca, pois as autoridades estão de olho nele.

Muitos dizem que Mourão foi traidor. Discordo totalmente! Ele soube reagir às adversidades, comportou-se como um vice-presidente digno e cônscio de suas responsabilidades.

Não se envolveu em escândalos, não falou mal de ninguém, tentou cumprir com suas obrigações, apesar de ter sido alijado pelo grupo palaciano.

Meus respeitos ao senador Mourão! Honrou as Forças Armadas do Brasil!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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