colunista

Alari Romariz

Alari Romariz atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa de Alagoas e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Rei morto, rei posto

07/06/2023 - 12:19

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Ouvi falar de Collor quando era adolescente e passava as férias em Maceió. Levava vida de menino rico. Era famoso!

Veio a ser prefeito de nossa cidade, eleito por via indireta, no regime militar. A seguir, deputado federal e depois governador num período tumultuado. Foi eleito presidente da República e deixou Alagoas em situação difícil. Moacir Andrade assumiu o fim do governo Collor e passou o Estado para Divaldo Suruagy.

Esse último assumiu o Governo de Alagoas cheio de problemas. Para pagar a folha dos servidores pedia empréstimos sucessivos, até que chegou a juntar sete meses sem pagar ao funcionalismo. Faltou a Divaldo a coragem de mostrar ao nosso povo como encontrou as finanças estaduais. A culpa recaiu sobre ele e teve que se afastar para não ser cassado.

Como presidente da República, Collor enfrentou as raposas políticas do Sul e do Sudeste. Foi cassado e saiu do Palácio do Planalto cheio de processos, dos quais foi absolvido. Passou oito anos afastado e voltou à vida política, até 2022. Perdeu as eleições e está sendo processado pelo Supremo Tribunal Federal, podendo, inclusive, ser preso.

Não votei em Collor, discordo de suas posições como homem público, mas fico intrigada com o seguinte fato: por que só agora, que ele está sem mandato, o processo vem à tona? Foi senador durante muitos anos, participou de várias comissões no Senado Federal e nada aconteceu com ele.

A classe política é muito complicada. Temos um exemplo chocante no atual governo. O líder do Lula na Câmara Federal é o homem que foi preso com dinheiro na cueca. Mas está livre, leve e solto.
Os políticos que foram condenados na Operação Lava Jato estão sendo absolvidos e alguns até, querem o dinheiro devolvido, de volta.

Em Alagoas, políticos estão envolvidos em vários escândalos: “Taturanas”, “Rachadinhas” e outros. Recentemente, em Brasília, processos de parlamentares alagoanos foram arquivados.

Alguns deputados federais foram presos por falarem demais. Um recebeu indulto do presidente Bolsonaro, entretanto o STF anulou tal decisão e o moço continua sendo perseguido.

Em todo país, ouvimos notícias de políticos envolvidos em escândalos. Governadores deixaram suas esposas como conselheiras do Tribunal de Contas, em processos aprovados pelos poderes legislativos estaduais.
Neste mês, a Justiça cassou outro deputado federal, eleito pelo povo com excelente votação, por motivos tolos. O cidadão fez tudo como a lei permite, mas, de nada adiantou. Para nós, eleitores, foi pura vingança por causa da atuação dele na Lava Jato. O povo não é bobo. Entende as jogadas das altas autoridades.
Tudo isso vemos e ouvimos; não entendemos. Uns são afastados, investigados, processados e julgados. Outros pintam e bordam; nada acontece.

Acompanhei, durante anos, quase tudo que aconteceu na vida política de Alagoas e do Brasil. Chegamos à conclusão de que tudo se faz por vingança.

Vamos dar um exemplo típico entre Lula e Bolsonaro. O primeiro foi preso e processado por vários crimes. Anularam seus processos e ele voltou à Presidência da República, como se herói fosse. Bolsonaro foi presidente do Brasil, contrariou a esquerda, saiu do cargo e agora está sendo investigado, perseguido por pessoas que querem vê-lo preso.

Na minha humilde opinião, na qualidade de nunca ter votado em Collor, ele está sendo julgado por ter apoiado Bolsonaro e estar sem mandato. Com quase 74 anos, não merece um fim de vida tão triste e escandaloso.
Que Brasil é esse? Uns são perseguidos, investigados, julgados, condenados. Outros são absolvidos, apesar de tantas provas.

Coitado do Collor: rei morto, rei posto!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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