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Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

As pesquisas falam mas os caras não largam o osso

22/08/2021 - 08:48
Atualização: 22/08/2021 - 10:27

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Esse artigo é o terceiro de uma série de 4 onde procuramos analisar as principais candidaturas a presidente da república no momento atual. Nos dois primeiros, tratamos de Bolsonaro e Lula, os dois principais nomes do momento. Hoje, vamos dar uma passada pelos demais pré-candidatos e, na coluna da próxima semana analisaremos as possibilidades de sucesso ou insucesso para o lançamento de uma candidatura que represente uma terceira via. O que está sendo um exercício interessante.

No artigo em que tratamos das possibilidades de Bolsonaro e seu (des) governo, quase quatro centenas de leitores deixaram seu like em relação ao texto, outra quase duas centenas fizeram questão de enviar seus comentários e o EXTRA online registrou mais de três mil acessos ao texto . Um número revelador da importância do tema para as pessoas.

Não foi diferente quando na semana seguinte quando analisamos a pretensa candidatura Lula que carrega consigo a pecha de chefiar a maior bandalha jamais acontecida nesse país.

Os dois candidatos e suas gigantescas rejeições terão problemas no decorrer da próxima campanha. Se é que chegarão até lá. O que não deixa de ser uma possibilidade...

Um fato que nos chamou à atenção foi a quebra do paradigma de que colunas especializadas não seriam, em tese, objeto de demanda do leitor médio, ficando restrita a quem busca textos com maior adensamento analítico. Neste caso, não é verdade. E ficamos agradecidos com isso.

Na mesma linha de isenção crítica, vamos dar sequência à analise dos pré-candidatos.

Sabemos que em todas as eleições majoritárias além dos nomes postos para concorrer de fato, outros são previamente submetidos por seus partidos ao eleitor na base do “vai que cola”. De há muito, neste pré-inicio de corrida presidencial alguns nomes vem sendo “martelados” na imprensa por suas assessorias de comunicação no intuito de ganhar “encorpamento” e passar para a categoria de viáveis e/ou competitivos. Não tem sido felizes nisso.

Um dos mais conhecidos, Ciro Gomes, inteligente e preparado, tem posições estatizantes, herança da retrógada esquerda brasileira e outras, que certamente terão dificuldade de implementação - por mexer em vespeiros há muito acostumados a mamar nas tetas do Estado. Com clara dificuldade para eleger maioria parlamentar, num país de presidências de coalizão, será muito difícil fazer as coisas acontecerem como previstas no seu plano.

Seu temperamento mercurial é outro problema, que ajudou a “colar” nele a imagem de pessoa apoquentada, de pavio curto, que se reflete, dentre várias outras coisas, na sua rejeição de 42%, segundo pesquisa CNT/MDA de julho de 2021.

Um enorme óbice para ele passar para o “andar superior” das pesquisas, já que a campanha eleitoral vai lhe exigir brutal esforço para explicar às suas “apoquentações”. E sabemos o que acontece com candidato que passa a campanha se explicando... A pesquisa XP/Ipespe de julho de 2021 indica para ele 10% de intenção de votos.

Outra candidatura posta à mesa há bastante tempo é a do Governador Dória de São Paulo. Que, mesmo a despeito de governar o Estado mais importante do país com população que se aproxima dos 50 milhões de pessoas, não consegue sair da rabeira das pesquisas, com 2% de intenção de votos na pesquisa XP/Ipespe de julho deste ano (lembram-se do desempenho do ex- governador de SP, Geraldo Alckmin na última eleição presidencial?...).

Além do mais, sua enorme rejeição (58%, na pesquisa CNT/MDA de julho de 2021), quase igual à de Bolsonaro é, sem dúvida, enorme rochedo a sua frente. E ele não tem demonstrado capacidade para transpô-lo. Talvez, isso, se conseguir transpor o obstáculo, outros já tenham disparado na sua frente. No quadro atual, tem poucas chances de competir de verdade. Mas não se pode minimizar a força política de SP...

Já o ex. ministro Mandetta, ao que parece, além do “vai que cola”, sua pretensão mesmo é descolar uma candidatura de vice em alguma chapa ou, sair candidato a governador do seu Mato Grosso do Sul. Nas pesquisas, nunca alcançou a risca dos 3%. Tem baixíssima probabilidade de sucesso nas suas pretensões ao cargo maior do país.

Outros pretensos candidatos como o atual governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o apresentador de televisão Datena e Boulos, com respectivamente 1%, 0% e 0% na última pesquisa XP/Ipespe, é quase certo que estão fora dos cálculos daqueles que estarão entre os três mais bem votados nas próximas eleições. Mas, nunca se pode deixar de salientar que outras viradas eleitorais estão aí para nos relembrar de que em eleição tudo é possível.

Um caso a parte, é o do ex. ministro Moro, que mesmo afastado da política, morando fora do país e afirmando não ser candidato (até agora) obteve 9% das intenções de votos na pesquisa da XP, número basicamente igual ao de Ciro Gomes que está na “batalha” há pelo menos 1 ano.

Mas tem um problema: sua rejeição captada na pesquisa IPSOS de julho deste ano alcançou estratosféricos 47%. Se resolver se candidatar terá uma legião de inimigos pela frente, a começar por parte dos ministros do Supremo, de políticos e empresários pegos na Lava Jato, pelos Bolsonaristas raiz (sic!) e toda a plêiade de lobistas, senadores e deputados encalacrados com a Lei, no caso da sua volta.

Mas, é quase certo que contará com forte apoio no meio empresarial e na população em geral graças ao recall da sua passagem no ministério da justiça e, especialmente, no comando da Lava Jato. Seu ar doutoral talvez seja um obstáculo nessa caminhada

Uma coisa que chama a atenção nas várias pesquisas realizadas recentemente é a vertiginosa queda de Bolsonaro. A ponto de, no caso dele ir ao segundo turno, perde – literalmente – para Lula, Ciro, Moro, vence Dória ou Eduardo Leite na margem, com menos de 2 pontos percentuais e empata com Mandetta.

Lula indo ao segundo turno venceria todos os atuais pré-candidatos, indicam as pesquisas.

O que as pesquisas não mostram é que com nenhum dos dois pré candidatos melhor colocados no momento, o Brasil sairá do rolo em que se meteu. O eleitor brasileiro tem tempo suficiente para repensar suas decisões eleitorais e fugir desse mundo binário em que estamos submetidos e encalacrados de forma surreal, absurda e ilógica, onde o “Chico” é um canalha e o “Francisco” um doidivanas aloprado.

Os números falam por si, mas os caras não querem largar o osso: 61% dos eleitores rejeitam Bolsonaro, 45%, Lula. E os que se apresentaram até agora para substitui-los também não são aceitos, Dória é rejeitado por 58%, Ciro, por 42%, Mandetta, por 51%.

A menos de 13 1/2 meses das eleições, a sinalização é clara por parte do eleitor: Quer eleger algo diferente dessas figuras que se apresentaram até agora. E não apenas uma persona, mas alguém que lidere uma grande coalizão reformista unida em torno de um programa focado em resgatar o Brasil. Alguém que em 4 anos fizesse acontecer os ajustes necessários que o país requer, preparando-o para, depois de 4 décadas, inaugurar novo ciclo de desenvolvimento.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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