colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

A consequência do seu voto

18/10/2021 - 17:33

ACESSIBILIDADE


Estupefação. Não há outra palavra para definir melhor o sentimento de impossibilidade, de surda revolta, que me toma nos últimos tempos quando me debruço sobre questões da política brasileira, especialmente nos últimos três anos, que tornaram o que já era fétido e purulento em degradante, infame e ultrajante prática rotineira do que de pior pode ser regurgitado dos recônditos mais escuros da alma humana.

Ulysses Guimaraes, para os mais novos, foi o “pai das diretas”; liderou o enfrentamento dos milicos em defesa da democracia, deputado federal por várias legislaturas e ex-presidente da Câmara Federal, aliás, o último político decente que sentou naquela cadeira, e costumava dizer a interlocutores que reclamavam da “baixa” qualificação dos deputados da sua legislatura, uma frase curta, direta e premonitória: “Espere para ver como virá a próxima...” Sábias palavras.

O que em seu tempo era ruim ficou ainda pior, na mais rasa acepção da palavra, desonrosamente ultrajante para a Nação vilipendiada e o povo brasileiro. Não temos mais legislaturas, o que se vê são excrescências parlamentares, eleitas para representar o cidadão brasileiro no debate e discussão dos grandes temas nacionais, agirem de forma solerte.

Como se tivessem sido eleitos para fortalecer fétidas estruturas partidárias, desviarem dinheiro do Orçamento para seus bolsos rotos (lá atrás foram os anões do orçamento, reles batedores de carteira se comparados aos atuais – pelo tamanho – gigante do Orçamento), eliminar legislações que combatem a corrupção e os malfeitos tão comuns a esse tipo de gente e tornar o Brasil irrespirável está se tornando especialidade desses legisladores (sic!!!).

Conquistas moralizadoras como a cláusula de barreira que eliminaria do cenário político os partidos nanicos, em geral ainda mais corruptos que os grandes; a derrubada de conquistas contra a gatunagem, especialidade desses sujeitos; a recente aprovação de medidas que basicamente acabam com as conquistas da Lei da Improbidade Administrativa e tantas outras do mesmo jaez, veem sendo miserável e sistematicamente destruídas nessa legislatura, especialmente na Câmara Federal sob as mais ignóbeis e esfarrapadas desculpas.

Nunca a frase do incendiário ex-ministro do Meio Ambiente (sic) foi tão utilizada na prática: “aproveitar o momento e passar a boiada”. É exatamente o que vem sendo feito de forma sistemática. A última foi a aprovação de medidas que praticamente desfiguram o Ministério Público Federal, uma das poucas, raras ilhas de excelência na hoje putrefata Brasília, embora chefiada no momento por uma figura menor que a história haverá de apagar.

O que esses (vocês sabem o quê) travestidos de parlamentares estão fazendo é “limpar a barra”, acabando com toda legislação restritiva à corrupção e roubalheiras diversas, para poderem se sentir ainda mais livres e soltos – literalmente – para praticar malfeitos contra a coisa pública, tratada como se fosse um bem privado, e não da Nação, do povo brasileiro.

Tudo em acordo com este (des) governo federal eivado de corrupção e achincalhado por um presidente que já é considerado o pior mandatário que esta Nação jamais teve. Ganha até do corrupto petista que roubou e ajudou a roubar e quebrar o país. E à vista de um Poder Judiciário superior corroído nas suas entranhas pelo modus operandi dominante em Brasília.

O eleitor terá a oportunidade de repensar seu voto na próxima eleição, se ajudar a reeleger essas figuras malsãs irá sofrer na pele e em suas vidas as consequências da sua atitude.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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