colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

A captura do orçamento nacional

22/11/2021 - 17:52
Atualização: 22/11/2021 - 17:57

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ADRIANO MACHADO/REUTERS
Plenário do Congresso nacional
Plenário do Congresso nacional

Nos corredores do Congresso Nacional todos conhecem pelo menos um ditado medonho sobre seus integrantes, tipo “por aqui, quem menos anda voa” (existem inúmeras variantes sobre o mesmo tema). O que eles querem dizer na verdade é que o “otário” mora longe daquela casa. Ou sendo ainda mais explícito e para usar frase do então deputado Lula que, num rasgo de sincericídio (coisa raríssima), comentou anos atrás que naquelas duas casas devia ter uns trezentos picaretas. 

Logo ele, especialista no assunto errou no número. Passa de 90%. As duas casas congressuais, em especial a Câmara dos Deputados, já legou ao anedotário político nacional algumas figuras folclóricas, outras ridículas ou literalmente insanas. Mas a “marca registrada” da casa é mesmo, sem sombra de nenhuma dúvida, a reunião da mais diversa fauna de corruptos por metro quadrado da Nação. Existem livros e livros e enorme quantidade de matérias e denúncias na imprensa relatando as falcatruas das excrescências.

Aliás, o atual presidente da República, eleito tendo como uma das bandeiras (sic!) a rejeição ao “modelo de negócio” do parlamento (de trocar votos por grana), eufemisticamente chamado de “emendas” parlamentares, está encalacrado até o pescoço nas negociatas que aconteciam e continuam a acontecer naquela casa, outrora dita como do povo. E agora mais ainda ao quebrar promessa de campanha se aliando ao Centrão-ladrão para evitar o seu impeachment.

Logo com quem: os especialistas em capturar o Orçamento da Nação em prol da reeleição dos seus próceres para continuar a empalar a Nação em benefício próprio. Esse modelo de apropriação do Orçamento é antigo e fez escola. Lembram-se dos anões do orçamento da década de 1990 (assim apelidados pela baixa estatura física e moral dos seus membros), cujo chefe para justificar a sua parte na roubalheira dizia ter ganhado quase 300 vezes – se bem lembro – na loteria esportiva? Nessa toada roubaram cerca de 100 milhões de dólares, segundo a CPI que apurou o caso.

E o caso da máfia dos vampiros? Outra gangue parlamentar que no início dos anos 2000 teria desviado 2,3 bilhões de reais, equivalentes a 600 milhões de dólares atualmente, 5 vezes mais que o roubo dos anões do orçamento. E a máfia das sanguessugas, de 2006 (essa e a anterior em governos petistas), que envolveu 72 parlamentares no superfaturamento de (vejam como as coisas se repetem!) ambulâncias em dezenas de municípios brasileiros. No ínterim entre essa estripulia parlamentar com o dinheiro público e a roubalheira atual com o orçamento secreto, aconteceu o maior roubo de dinheiro público que se tem notícia no mundo.

A pilhagem dos governos do PT flagrada na operação Lava Jato liderada pelo juiz Moro, que prendeu toda a cúpula do partido e mais o seu chefão, Lula; mais de duas dezenas de grandes empresários envolvidos na falcatrua – que confessaram seus crimes – e, vejam só a “coincidência”: parte do Centrão-ladrão hoje aliado de Bolsonaro que tem ramificações em todos os partidos políticos. Como se vê, onde tem falcatrua lá está o Centrão-ladrão.

E chegamos aos filhotes do Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara Federal e preso por Moro na Lava Jato – apelidado de “Caranguejo” pela Odebrecht – ora à frente do Centrão liderando “coisas” do tipo Orçamento Secreto, recriação da suspeitíssima “emendas do relator”, compra superfaturada de tratores e por aí vão. É de novo a festa dos corruptos arrasando com o que resta de pudícia nesses tempos cinzentos do país. O repertório dessa gente é infindável. Como é a paciência do cidadão com esses crápulas.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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