colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

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A guerra e seus impactos no Brasil

13/03/2022 - 10:03

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Agência Brasil com Reuters
Guerra na Ucrânia
Guerra na Ucrânia

A invasão russa à Ucrânia, de imediato, fez disparar os preços do petróleo em todo o mundo (a Petrobrás aproveitou a deixa e dei logo uma tacada de 25% que como veremos irá desarranjar as contas do governo brasileiro, a inflação, o real e outras “cositas más”. Mas não fiquem triste, logo, logo vem junto aumentos significativos em alguns dos principais alimentos...

O petróleo subiu intrigantes 30% em poucos dias, um aumento muito suspeito que a meu ver deve ser debitado na conta de muita especulação mundo afora, já que a Rússia responde apenas por 11% do mercado mundial daquela commodity. Esse aumento exagerado é certo que vai se corrigido pelo mercado. Resta saber se para os níveis esperados da participação russa no mercado de petróleo. Mas para o Brasil dominado por lobbies diversos no segmento, não faltarão desculpas para a não redução proporcional à queda que certamente virá no preço internacional do óleo.

Já no caso dos alimentos, Rússia e Ucrânia que respondem juntas por 25% da produção de trigo, outra importante commodity na composição dos preços de um sem número de produtos alimentares, certamente já está impactando o índice CRB (nenhuma semelhança com o time local, rss) de preços internacionais de commodities do segmento alimentos (de dezembro para cá, o índice cresceu o dobro da taxa de valorização do Real, o que quer dizer que nossa moeda não está conseguindo compensar o aumento do preço dos alimentos em dólares).

Os dois choques de oferta vão certamente impactar de forma direta a inflação brasileira (estranha inflação que cresce até com o país numa baita recessão/quase estagflação). Internamente, o que já vinha muito ruim, vai ficar pior. Vínhamos alertando para um ano de 2002 de desafios na economia desde pouco mais da metade do ano de 2021. Especialmente por ser um ano eleitoral, a tendência dos políticos será de “inventar” soluções para o problema: subsídios, “ajudas” aos mais pobres, e que tais.

Todas já experimentadas por aqui à exaustão em outras crises e que sempre pioraram ainda mais a situação no médio e longo prazo. Enquanto isso, do outro lado, o BC certamente irá aumentar ainda mais a SELIC, a taxa real de juros que já está muito alta (por volta de 7%) (pegar dinheiro nas taxas cobradas pela rede bancaria é sinônimo de crise corporativa à frente), anulando qualquer esforço de “redução” (sic) dos impactos dos aumentos dos alimentos e do petróleo na economia e no bolso do consumidor.

O que vai ficar no fim, caso se enverede pelo caminho medonho de subsidiar aquelas commodities é o montante “espetado” na conta do governo que vai se endividar ainda mais (fechou o ano de 2021 com um déficit de 0,5% do PIB que exigiria – não acontecerá – um crescimento do PIB de 2022 da ordem de 3% para compensar) piorando a vida de todos por mais alguns anos. Não tem jeito: o próximo governo não vai apenas receber a batata quente da desorganização deste governo, mas também, um pais ainda em recessão ou mesmo estagflação, a depender das decisões dos próximos meses.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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