Uma oportunidade ímpar
Há quase meio século, Maceió tem sofrido por conta da exploração da sua principal riqueza mineral, o sal-gema. Somente com o recente advento do livro “Rasgando a cortina de silêncios”, sua população pôde – afinal – ter acesso a verdades inconvenientes sobre as empresas que lideraram o processo minerador em Maceió nesses quase 50 anos: Salgema, Trikem e Braskem e às suas estranhas relações com autoridades e políticos alagoanos. Que estiveram – conveniente e cavilosamente – escondidas sob uma espessa camada de fakes e tergiversações, em detrimento de Maceió, Alagoas e sua população.
Estamos às vésperas de eleições e – de novo – os políticos de Alagoas ensaiam passar ao largo dos problemas causados pela exploração do sal-gema em Maceió. Que não se restringe, em absoluto, apenas aos problemas sofridos pelos “refugiados ambientais” e seus mais de 15 mil imóveis residenciais e comerciais destruídos.
A tribulação que Maceió e Alagoas vem sofrendo, também envolve a necessidade urgente da retirada da planta industrial da Braskem de dentro de Maceió - algo inimaginável num país minimamente sério e que se pretenda participe de organizações avançadas, como a OCDE – a ameaçar a vida e a saúde da população de Maceió.
Também - no mesmo grau de importância dos dois passivos aqui relatados – precisa resolver o o bilionário prejuízo material e imaterial causado pela Braskem a Maceió e a Alagoas – e que, até hoje, quatro anos depois do megadesastre que a cidade sofreu, continua sendo jogado para debaixo do tapete e por relações não transparentes é públicas do município de Maceió e do estado de Alagoas, numa repetição do modelo das gestões anteriores que fizeram cara de paisagem para o problema.
Não dá para entender por que o prejuízo calculado atualmente de forma sumária em torno de quase uma dezena e meia de bilhões de reais, não está sendo cobrado pelo município de Maceió e, no que lhe cabe, pelo governo do estado. Autoridades precisam vir a público explicar tim-tim por tim-tim os porquês das tratativas oficiais desse magno problema ainda não haver sido sequer iniciadas de forma pública e transparente, quatro anos depois do acontecido!
Isso, sem contar os quase 50 anos perdidos com a enganação de que o sal-gema seria o futuro de Alagoas, algo só agora desmentido e comprovado tecnicamente, ao disponibilizarmos para a população o pífio desempenho da economia alagoana nesse período – saindo de um desonroso 18º lugar para involuir para o 20º lugar no ranking dos estados brasileiros. Só não ficou ainda pior, por que os outros 7 estados atrás de Alagoas são “potências” econômicas do porte de Roraima, Rondónia, Acre, Amapá, Tocantins, Piauí e Sergipe...
Agora, não se pode jogar a culpa desse estado de calamidade de Alagoas, à Braskem, ou à Trikem, nem a Salgema. Mesmo sabendo-se que sempre mandaram e desmandaram em Alagoas (não se compreende como uma empresa que tem uma participação pífia de menos de 0,8% no PIB do estado, quase nada paga de impostos, recebe incentivos fiscais milionários, e é quase nada da força de trabalho de Alagoas, tem tanta força política no estado, a ponto de suas excelências fugirem dos problemas que envolvem a empresa como o diabo da cruz)...
É regra geral entre políticos que se posicionar contra a Braskem pode significar prejuízo, imagine investir contra a empresa e a favor de Maceió, de Alagoas e do povo que aqui reside e sofre. O povo que os elegeram é bom lembrar...
Faz quatro anos que governo do estado e prefeitura de Maceió empurram de barriga a questão das indenizações bilionárias devidas a Maceió e Alagoas. E o fazem de caso pensado. Parece que não querem cobrar o que é legitimo direito da cidade e do estado e de sua gente.
Passou da hora da roda girar ao contrário.
Esse atraso gigantesco de Alagoas tem nomes e sobrenomes muito conhecidos. Foram eles ou seus avôs, pais, tios e parentes, os responsáveis diretos por destruírem a razoável estrutura técnica do estado construída com muito esforço lá pelos idos dos anos 1970 no governo do prof. Afrânio Lages; Pelas perdas gigantescas de receita do estado nos anos 1980; pela quebradeira do estado nos anos 1990 e pela pasmaceira generalizada que tomou conta da Alagoas desde os anos 2000. Por Alagoas ser um dos últimos no ranking dos estados brasileiros.
A oportunidade que se avinha das eleições para governador é única para se começar a mover a roda enferrujada do poder em Alagoas. No caso em tela, até agora políticos locais se livraram de assumir compromissos objetivos e diretos com a população em relação ao caso Braskem. De uma vez por todas, é preciso resolver essa parada. E a favor de Alagoas e de Maceió.
Nesse sentido, a sociedade local está organizando agenda para apresentar aos candidatos a governador e cobrar dos mesmos compromissos e efetividade na solução daquele problema, já que eles até agora “se esqueceram” de abordar aquele que - depois da nossa miséria e subdesenvolvimento crônicos – é atualmente uma enorme agrura: o passivo da Braskem para com a cidade, o estado e as pessoas.
O propósito é obter dos candidatos o compromisso de cumprir a agenda que lhe será apresentada e obter declaração pública e oficial, sobre isso. Os milhares de apoiadores da agenda estão comprometidos – em linguagem única - em espalhar boca a boca e via redes sociais, a posição de cada candidato no tocante ao atendimento dos pleitos da agenda.
É bom a turma por as barbas de molho e não assumir compromissos contrários aos interesses de Maceió, Alagoas e seu povo, em troca de merrecas. Não é nada, são dezenas de milhares de votos que podem se evaporar...
Vamos acompanhar.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA