colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Uma oportunidade ímpar

24/07/2022 - 08:36

ACESSIBILIDADE

Afrânio Bastos
Sede da empresa Braskem, no bairro do Poço, em Maceió
Sede da empresa Braskem, no bairro do Poço, em Maceió

Há quase meio século, Maceió tem sofrido por conta da exploração da sua principal riqueza mineral, o sal-gema. Somente com o recente advento do livro “Rasgando a cortina de silêncios”, sua população pôde – afinal – ter acesso a verdades inconvenientes sobre as empresas que lideraram o processo minerador em Maceió nesses quase 50 anos: Salgema, Trikem e Braskem e às suas estranhas relações com autoridades e políticos alagoanos. Que estiveram – conveniente e cavilosamente – escondidas sob uma espessa camada de fakes e tergiversações, em detrimento de Maceió, Alagoas e sua população.

Estamos às vésperas de eleições e – de novo – os políticos de Alagoas ensaiam passar ao largo dos problemas causados pela exploração do sal-gema em Maceió. Que não se restringe, em absoluto, apenas aos problemas sofridos pelos “refugiados ambientais” e seus mais de 15 mil imóveis residenciais e comerciais destruídos.

A tribulação que Maceió e Alagoas vem sofrendo, também envolve a necessidade urgente da retirada da planta industrial da Braskem de dentro de Maceió - algo inimaginável num país minimamente sério e que se pretenda participe de organizações avançadas, como a OCDE – a ameaçar a vida e a saúde da população de Maceió.

Também - no mesmo grau de importância dos dois passivos aqui relatados – precisa resolver o o bilionário prejuízo material e imaterial causado pela Braskem a Maceió e a Alagoas – e que, até hoje, quatro anos depois do megadesastre que a cidade sofreu, continua sendo jogado para debaixo do tapete e por relações não transparentes é públicas do município de Maceió e do estado de Alagoas, numa repetição do modelo das gestões anteriores que fizeram cara de paisagem para o problema.

Não dá para entender por que o prejuízo calculado atualmente de forma sumária em torno de quase uma dezena e meia de bilhões de reais, não está sendo cobrado pelo município de Maceió e, no que lhe cabe, pelo governo do estado. Autoridades precisam vir a público explicar tim-tim por tim-tim os porquês das tratativas oficiais desse magno problema ainda não haver sido sequer iniciadas de forma pública e transparente, quatro anos depois do acontecido!

Isso, sem contar os quase 50 anos perdidos com a enganação de que o sal-gema seria o futuro de Alagoas, algo só agora desmentido e comprovado tecnicamente, ao disponibilizarmos para a população o pífio desempenho da economia alagoana nesse período – saindo de um desonroso 18º lugar para involuir para o 20º lugar no ranking dos estados brasileiros. Só não ficou ainda pior, por que os outros 7 estados atrás de Alagoas são “potências” econômicas do porte de Roraima, Rondónia, Acre, Amapá, Tocantins, Piauí e Sergipe...

Agora, não se pode jogar a culpa desse estado de calamidade de Alagoas, à Braskem, ou à Trikem, nem a Salgema. Mesmo sabendo-se que sempre mandaram e desmandaram em Alagoas (não se compreende como uma empresa que tem uma participação pífia de menos de 0,8% no PIB do estado, quase nada paga de impostos, recebe incentivos fiscais milionários, e é quase nada da força de trabalho de Alagoas, tem tanta força política no estado, a ponto de suas excelências fugirem dos problemas que envolvem a empresa como o diabo da cruz)...

É regra geral entre políticos que se posicionar contra a Braskem pode significar prejuízo, imagine investir contra a empresa e a favor de Maceió, de Alagoas e do povo que aqui reside e sofre. O povo que os elegeram é bom lembrar...

Faz quatro anos que governo do estado e prefeitura de Maceió empurram de barriga a questão das indenizações bilionárias devidas a Maceió e Alagoas. E o fazem de caso pensado. Parece que não querem cobrar o que é legitimo direito da cidade e do estado e de sua gente.

Passou da hora da roda girar ao contrário.

Esse atraso gigantesco de Alagoas tem nomes e sobrenomes muito conhecidos. Foram eles ou seus avôs, pais, tios e parentes, os responsáveis diretos por destruírem a razoável estrutura técnica do estado construída com muito esforço lá pelos idos dos anos 1970 no governo do prof. Afrânio Lages; Pelas perdas gigantescas de receita do estado nos anos 1980; pela quebradeira do estado nos anos 1990 e pela pasmaceira generalizada que tomou conta da Alagoas desde os anos 2000. Por Alagoas ser um dos últimos no ranking dos estados brasileiros.

A oportunidade que se avinha das eleições para governador é única para se começar a mover a roda enferrujada do poder em Alagoas. No caso em tela, até agora políticos locais se livraram de assumir compromissos objetivos e diretos com a população em relação ao caso Braskem. De uma vez por todas, é preciso resolver essa parada. E a favor de Alagoas e de Maceió.

Nesse sentido, a sociedade local está organizando agenda para apresentar aos candidatos a governador e cobrar dos mesmos compromissos e efetividade na solução daquele problema, já que eles até agora “se esqueceram” de abordar aquele que - depois da nossa miséria e subdesenvolvimento crônicos – é atualmente uma enorme agrura: o passivo da Braskem para com a cidade, o estado e as pessoas.

O propósito é obter dos candidatos o compromisso de cumprir a agenda que lhe será apresentada e obter declaração pública e oficial, sobre isso. Os milhares de apoiadores da agenda estão comprometidos – em linguagem única - em espalhar boca a boca e via redes sociais, a posição de cada candidato no tocante ao atendimento dos pleitos da agenda.

É bom a turma por as barbas de molho e não assumir compromissos contrários aos interesses de Maceió, Alagoas e seu povo, em troca de merrecas. Não é nada, são dezenas de milhares de votos que podem se evaporar...

Vamos acompanhar.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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