colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

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O mundo vem girando a taxas superiores à capacidade de reação do planeta de absorver o lixo

21/08/2022 - 07:39

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Na coluna de domingo no EXTRA ONLINE tratamos de um tema que despertou reações entre caudatários de teses “vendidas” mundo afora por ONGs ambientalistas que vivem às custas do problema. A intenção do texto era fazer uma crítica ao ciclo de hipocrisias que ronda a questão e ir direto ao ponto: enquanto se discute o pum da vaca, ESG, economia circular, ou outro tema dessa “relevância”, o planeta se deteriora a cada dia mais rapidamente.

Na verdade, o mundo vem girando a taxas superiores à capacidade de reação do planeta de absorver o lixo material e ambiental atual. Em 2019, a taxa de crescimento econômico global foi de 2,6%. Nessa velocidade, em 3 décadas chegamos ao temido crash. O sistema econômico que já roda no modo tragédia, colapsará. O mundo, cooptado pelo modelo econômico vigente gera uma monumental inércia nas estruturas socioeconômicas globais, de dificílima reversão. É só querer ver o que acontece. 

Países e grandes corporações de um lado e ambientalistas do outro, jogam um jogo jogado do faz de conta onde todos lucram. Menos o planeta e a população que, enganada, se alheia, achando que os mega atores dessa tragédia com data marcada estariam fazendo a sua parte para evitá-la. Não estão. Estão, sim, é lucrando cada vez mais de um lado e faturando mais com as cada vez mais alentadas verbas ambientais, para fingir que estão na defesa do planeta defendendo meizinhas tipo ESG ou economia circular. 

Para se chegar à raiz do mega problema que se avizinha e resolvê-lo, a economista americana Kate Harworth “descobriu” o óbvio, empacotou-o com ares acadêmicos e vendeu como coisa nova, no livro Economia Donut, de 2018: é preciso trazer a economia planetária “para dentro” dos limites do planeta (ultrapassados há décadas). Simples né? Pois é exatamente o que não é. Mas o livro tem uma coisa boa: a autora – uma das raras economistas que manuseiam a dinâmica dos sistemas, essencial para se adentrar nos meandros dos desafios do mundo moderno – relata o que ocorreu com os diversos modelos econômicos adotados nas últimas décadas. 

Uma grande contribuição ao entendimento dos problemas gerados nas últimas 5 décadas, por exemplo. E só por isso vale a pena lê-lo. Agora, em relação à questão da crise que se avizinha célere, ela deixa de considerar estudos do economista Robert Frank baseado na dinâmica darwiniana, que conclui que a pior versão do homem, a superconsumista e a glutona, vão levar o planeta ao crash. Também não conjecturou sobre a “maldição” do economista Abba Lerner, que trouxe a variável política para o tabuleiro analítico da questão ao enfatizar a miopia do sistema político como um dos geradores da inércia das estruturas globais em detrimento da Terra. 

O arrazoado conceitual é para salientar que as “meizinhas” ambientais como as citadas economia circular e ESG – embora ajudem ao discurso da moda atual – não têm capacidade para sequer fazer “cócegas” no mega problema climático que a Terra enfrenta. Afinal, mesmo que tudo começasse a mudar de verdade – e não vai – ainda teríamos um mega problema para solucionar no tempo (3 décadas) que o sistema econômico atual demanda para evitar o crash: os combustíveis fósseis. Vivemos numa economia à base de energia fóssil que, na melhor das hipóteses, levaria umas 4 décadas para nos livrarmos deles. A não ser que surja algo “mágico”, vamos mesmo para o crash.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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