colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Que “debate” chinfrim!

03/09/2022 - 07:33

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Debate foi realizado pelo portal 7 Segundos
Debate foi realizado pelo portal 7 Segundos

Assisti abismado ao debate dos candidatos a governador promovido pelo site 7Segundos, de Arapiraca, um evento pontuado pela gritante ausência de propostas concretas, exequíveis para retirar Alagoas da insustentável situação em que se encontra – em estágio terminal de calamidade social e econômica provocada justamente por alguns dos presentes, por familiares que lhes antecederam no poder ou correligionários a quem sucederam. 

De início, alguns candidatos – afinal, e de público – reconheceram a terrível situação de Alagoas. Quadro que piora a cada ano – e que temos mostrado insistentemente nesta coluna. Achamos que a partir do rápido diagnóstico, eles iriam apresentar durante o debate propostas para solucionar – se não todos, ao menos alguns daqueles problemas – mas, qual o quê... Voltaram ao lero de sempre, cada um prometendo mais esmolas que os demais para pobres e miseráveis mantidos aprisionados por eles (e os seus) na pobreza máxima para servirem a seus propósitos eleitorais a cada dois anos. 

Um vergonhoso repeteco que se vê nessa terra desde sempre. Propostas mesmo, neca de catibiriba. É mais fácil comprar votos da manada, dar uns empreguinhos de merda a uma microparte da classe média, alimentar com trocados cabos eleitorais. É assim que a banda toca por estas paragens. Um modelo secular que premia nulidades e a corrupção, e simplesmente, arrebentou com este estado, tornando-o um dos piores do país em quase todos os rankings. Insistir nessa maracutaia eleitoral dá nisso: o mais excrescente modelo político que conduziu Alagoas a ser o mais excludente modelo socioeconômico do país e um dos piores do mundo. Alagoas não é o paraíso que tentam vender, mas o inferno da maior concentração de renda dentre os estados brasileiros e uma das maiores do mundo ocidental.

Como esconder – após repetidamente aqui publicizados – a iniquidade de que apenas 2% da população de Alagoas (classes A e B) concentra 98% da riqueza local que vivem nababescamente – aí sim – num verdadeiro jardim do Éden, em 1% do território alagoano? Ou que o “resto”, os 98% da população, convive nosdemais 99% do território do estado com a maior extrema pobreza do país, a maior taxa de desemprego dentre os estados brasileiros, o maior número de analfabetos do país; na rabeira do PIB dos estados nos últimos 50 anos; perdendo brutais 66% da sua renda real familiar nos últimos 20 anos, e assim por diante?... Alagoas está literalmente quebrada há dezenas de anos.

É uma doente quase terminal que sobrevive à base de “remédios” (ajudas do governo federal), afundada em dívidas impagáveis. Mas ninguém fala sobre como resolver isso. Insistem em gastar o que não tem. Não pode dar certo, tá na cara. Ainda temos 30 dias de campanha. Quem sabe daqui pra lá algum candidato não encontra um plano para chamar de seu para Alagoas? Sonhar, nesse caso, é o máximo que se pode fazer. Na real, vem aí mais do mesmo ou pior.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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