colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Candidatos: O povo passa fome, e aí?

18/09/2022 - 08:22
Atualização: 18/09/2022 - 08:24

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Pandemia agravou o quadro de fome endêmica
Pandemia agravou o quadro de fome endêmica

Temos, à medida que o espaço e o tempo permitem, avançado sobre números, terríveis números de Alagoas. Que muitos por aqui insistem em dourar, esconder, tergiversar ou simplesmente, mentir mesmo. Na cara dura. Como se isso fizesse com que o estado deixasse de ser o terceiro mais pobre do país num golpe de mágica ou de publicidade governamental.

Há coisa de um mês, alertamos aqui sobre a questão da fome em Alagoas que alcançava 30% da nossa gente. Nada menos que 1 milhão de pessoas que não tem o que comer. Literalmente! Não se ouviu qualquer reverberação sobre a terrível marca e os impactos disso na sociedade e na economia do estado.

Pois bem, quinta-feira passada, os principais órgãos da mídia nacional em manchetes de primeira página trouxeram a informação de que Alagoas é o estado onde mais gente passa fome. Ganhou o campeonato nacional de gente da fome!

Só que o número é ainda maior que o que eu havia informado há três semanas: são 37% de alagoanos, 1,3 milhão de pessoas passando fome de verdade. E mais 23% dos nossos, vivendo em insegurança alimentar, eufemismo dado pelos técnicos do governo para quem come hoje, mas não sabe se terá comida para amanhã...

Nem assim, o tema – brutal, diga-se de passagem – teve qualquer repercussão por aqui.

Os políticos – como sempre - fizeram ouvido de mercador para a tragédia, como se não fosse deles a responsabilidade direta por essa excrescência criminosa. Continuaram em campanha entretidos em mentir para os pobres a quem sempre prometem mundos e fundos e nada cumprem; e a aviltar nossa inteligência com suas rasas “propostas” (sic!) distantes do mínimo para começar a tirar Alagoas da enorme crise em que eles a enfiaram há dezenas de anos.

Ouvi-los, parece que estamos sendo submetidos a um teste de absurdezas onde ganha, o que mais arrotar suas patranhas de fazer corar de vergonha a qualquer cidadão.

Também não se ouviu um pio da academia, dos órgãos ou dos técnicos envolvidos com o tema, das ONGS, associações e até o pouco destaque da mídia local para o tema chamou a atenção. Como se “apenas” 1,3 milhão de pessoas que estão sem comer nesta terra fosse a coisa mais natural do mundo...

E então senhores políticos, autoridades, pessoal técnico, ONGs, associações, academia não tem nada a dizer sobre isso? Vão continuar se escondendo por detrás de relatórios anódinos e discursos “neutros”? Ninguém vai falar? Decerto que não. Foram vocês que levaram esse estado a esse estágio de degradação social, econômica e política em que se encontra!

E que não pode continuar. Não é possível que a sociedade alagoana vá continuar a enfiar a cara no chão feito avestruz para fingir que não está vendo o que políticos e agentes de Estado estão fazendo com Alagoas. Não é mais cabível que alguns que podem se acovardem em nome de interesses pessoais. É preciso pressionar por fundas mudanças no modelo e na gestão desse estado.

A informação da semana é a fome E a da próxima semana? E da seguinte? Não podemos nos conformar e aceitar passivamente esse estado de coisas. É preciso pressionar essa gente...

Senhores candidatos ao governo de Alagoas, digam afinal o que vão fazer de fato para acabar com a fome de 1,3 milhão de pessoas. Falem, detalhem, expliquem. Chega de lorotas candidatos. Queremos que vocês tratem Alagoas e seu povo com o respeito que nos é devido!

Alagoas, senhores, tem jeito! Mas precisa de gente competente e de iniciativa para fazer a máquina rodar no positivo.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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