colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

A fome em Alagoas é crime contra a humanidade

19/09/2022 - 14:46

ACESSIBILIDADE


Temos, à medida que o espaço e o tempo permitem, avançado sobre os números, terríveis números de Alagoas. Que muitos por aqui insistem em dourar, esconder, tergiversar ou simplesmente mentir mesmo. Na cara dura.
Há coisa de um mês, alertamos nesse espaço sobre a ingente questão da fome de Alagoas e – segundo os dados disponíveis naquele momento – informamos que 1/3 da população desse estado vivia em situação de fome.
Não vimos qualquer manifestação dos políticos entretidos em mentir para os pobres prometendo mundos e fundos que não vão cumprir e aviltando nossos ouvidos com suas rasas “propostas” para “salvar” Alagoas (sic!). OK, deles não se espera nada mesmo.

Mas não se ouviu um pio qualquer da academia, dos órgãos e técnicos envolvidos com o tema, ou de ONGS, associações ou da mídia local. Como se “apenas” mais de um milhão de pessoas que estão sem comer nesta terra fosse a coisa mais natural do mundo...

Pois bem, quarta-feira passada a mídia nacional deu em manchete de primeira página a informação de que Alagoas ganhou mais um “campeonato”. É campeã em gente passando fome! Só que o número é ainda maior que o que eu havia informado há três semanas: são literalmente 37% de alagoanos: 1,3 milhão de pessoas que estão passando fome total. Além disso, outros 60% dos nossos vivem em insegurança alimentar, apelido dado pelos técnicos do governo a quem come hoje, mas não sabe se terá comida para amanhã.

E então políticos, autoridades, pessoal técnico, ONGs, associações, academia não têm nada a dizer sobre isso? Vão continuar se escondendo por detrás de relatórios anódinos e discursos “neutros”? Ninguém vai pressionar os governantes e agentes que estão levando o estado à bancarrota e matando nossos irmãos de fome? Eles que ainda têm o desplante de vir à TV “garantir” que vão manter as esmolas para uma parte ínfima destes, mas que nada falam do “resto”, dos 1,3 milhão de esfomeados?

Esse estado de coisas não pode continuar. Não é possível que a sociedade alagoana vá continuar a enfiar a cara no chão feito avestruz para fingir que não está vendo o que políticos e agentes do Estado estão fazendo com Alagoas. Não é mais cabível que alguns que podem se acovardem em nome de interesses pessoais de pressionar por profundas mudanças na gestão desse estado. Não é aceitável que a academia se faça de tonta e não aja com vigor e a força que sua posição institucional lhes assegura contra esse estágio de degradação institucional a que se chegou em Alagoas.

A informação da semana é a fome. Fome de verdade. Doída. Matadora de gente. Que nunca saiu de Alagoas. Ficou escondida por aqueles que têm a obrigação de acabar com ela e, como se vê, nada fizeram até agora nesse sentido.

O que você vai fazer quanto a isso? É preciso pressionar essa gente. De grão em grão...

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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