Deixados de lado
Não que houvesse esperança de um mínimo de racionalidade nessa campanha eleitoral (como de resto, são as campanhas no Brasil) uma vez que os candidatos e seus estafes estão acostumados a subestimar a inteligência da sociedade brasileira ao criar – sem qualquer pudor - narrativas alternativas por onde os candidatos transitam sem qualquer compromisso com a verdade, tipo Lula afirmar que foi inocentado das roubalheira que cometeu (não foi); Ou Bolsonaro prometer que joga “nas quadro linhas” do respeito à Constituição (não joga) e mais uma infindável lista de lorotas que ambos ficam vomitando na cara do eleitor.
As coisas importantes ficaram à deriva, como a imperiosa necessidade de se realizar a reforma tributária, a administrativa, aprofundar a previdenciária e finalizar a trabalhista (todas obstadas pelo atual governo) para ajustar o país e dotá-lo das condições estruturantes para alavancar seu desenvolvimento, uma promessa seguidamente descumprida pelos que estiveram à frente da Nação nos últimos 19 anos.
Os candidatos (convenientemente) também não falam como irão lidar com a questão fiscal, um nó de difícil solução. Não explicam como irão fazer (não irão) para lidar com as promessas na área social, sem que o Estado tenha capacidade para financiar os crescentes gastos nessa área. Não vai funcionar. A não ser que alguém me explique como fazer uma política contracionista (para segurar a inflação antes que a coisa degringole de todo) e, ao mesmo tempo, promova uma politica fiscal expansionista (para promover a necessária, transferência de renda que fará o país crescer).
E também por que (os candidatos com mais intenção de voto, sequer tocam ou o fazem por alto) o Legislativo brasileiro avançou impunemente e com aval de Bolsonaro sobre o Executivo, usurpando-lhe alguns dos seus instrumentos reais de poder, tornando-o refém do Orçamento Secreto, uma excrescência imposta ao presidente (que deve ser cobrado judicialmente por sua anomia e prevaricação), como condição de evitar seu impeachment pela banda mais podre do Centrão. O novo governante terá que alterar essa imoralidade ou não governa.
Se não falam do Orçamento Secreto, também não tocam no ativismo judicial liderado pelo STF. Uma situação que o novo presidente terá que equacionar ou – de novo, como Bolsonaro – ficará obstado de governar. Mas não fica nisso. Há dezenas de anos o Brasil é governado politicamente por uma coalização de partidos que impede quaisquer veleidades de uma ação depuradora nas relações Executivo-Legislativo que não a do execrável toma lá dá cá. Embora a sociedade já tenha cansado dessa imoralidade, é por certo, o caminho que o novo presidente vai trilhar. Cabe apenas ficar mais vigilantes. Infelizmente.
Por último, a sociedade precisa ficar atenta para a possibilidade de termos um mandato tumultuado (se o eleito for Lula) pelo terço Bolsonarista inconformado. E quanto a isso, os dois candidatos tem os lábios selados. E mais, se a hipótese Lulista vingar, ele até hoje não disse uma palavra efetiva de como vai fazer para evitar que a corrupção petista volte a tomar conta do Brasil.
Como se vê são muitos (estes são apenas alguns dos aspectos a serem considerados) os pontos em aberto que os dois principais candidatos jamais tocaram em suas campanhas. Justo os que são de maior importância para o país e para você, cidadão comum que vai votar em 3 de outubro.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA