colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

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Deixados de lado

25/09/2022 - 14:17

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Agência Brasil
Urna eletrônica
Urna eletrônica

Não que houvesse esperança de um mínimo de racionalidade nessa campanha eleitoral (como de resto, são as campanhas no Brasil) uma vez que os candidatos e seus estafes estão acostumados a subestimar a inteligência da sociedade brasileira ao criar – sem qualquer pudor - narrativas alternativas por onde os candidatos transitam sem qualquer compromisso com a verdade, tipo Lula afirmar que foi inocentado das roubalheira que cometeu (não foi); Ou Bolsonaro prometer que joga “nas quadro linhas” do respeito à Constituição (não joga) e mais uma infindável lista de lorotas que ambos ficam vomitando na cara do eleitor.

As coisas importantes ficaram à deriva, como a imperiosa necessidade de se realizar a reforma tributária, a administrativa, aprofundar a previdenciária e finalizar a trabalhista (todas obstadas pelo atual governo) para ajustar o país e dotá-lo das condições estruturantes para alavancar seu desenvolvimento, uma promessa seguidamente descumprida pelos que estiveram à frente da Nação nos últimos 19 anos.

Os candidatos (convenientemente) também não falam como irão lidar com a questão fiscal, um nó de difícil solução. Não explicam como irão fazer (não irão) para lidar com as promessas na área social, sem que o Estado tenha capacidade para financiar os crescentes gastos nessa área. Não vai funcionar. A não ser que alguém me explique como fazer uma política contracionista (para segurar a inflação antes que a coisa degringole de todo) e, ao mesmo tempo, promova uma politica fiscal expansionista (para promover a necessária, transferência de renda que fará o país crescer).

E também por que (os candidatos com mais intenção de voto, sequer tocam ou o fazem por alto) o Legislativo brasileiro avançou impunemente e com aval de Bolsonaro sobre o Executivo, usurpando-lhe alguns dos seus instrumentos reais de poder, tornando-o refém do Orçamento Secreto, uma excrescência imposta ao presidente (que deve ser cobrado judicialmente por sua anomia e prevaricação), como condição de evitar seu impeachment pela banda mais podre do Centrão. O novo governante terá que alterar essa imoralidade ou não governa.

Se não falam do Orçamento Secreto, também não tocam no ativismo judicial liderado pelo STF. Uma situação que o novo presidente terá que equacionar ou – de novo, como Bolsonaro – ficará obstado de governar. Mas não fica nisso. Há dezenas de anos o Brasil é governado politicamente por uma coalização de partidos que impede quaisquer veleidades de uma ação depuradora nas relações Executivo-Legislativo que não a do execrável toma lá dá cá. Embora a sociedade já tenha cansado dessa imoralidade, é por certo, o caminho que o novo presidente vai trilhar. Cabe apenas ficar mais vigilantes. Infelizmente.

Por último, a sociedade precisa ficar atenta para a possibilidade de termos um mandato tumultuado (se o eleito for Lula) pelo terço Bolsonarista inconformado. E quanto a isso, os dois candidatos tem os lábios selados. E mais, se a hipótese Lulista vingar, ele até hoje não disse uma palavra efetiva de como vai fazer para evitar que a corrupção petista volte a tomar conta do Brasil.

Como se vê são muitos (estes são apenas alguns dos aspectos a serem considerados) os pontos em aberto que os dois principais candidatos jamais tocaram em suas campanhas. Justo os que são de maior importância para o país e para você, cidadão comum que vai votar em 3 de outubro.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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