colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Respostas lamentáveis para um grave problema

02/10/2022 - 05:29

ACESSIBILIDADE

Afrânio Bastos
Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto estão afundando
Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto estão afundando

Neste domingo o eleitor vai estar – parte contrariada – sufragando nomes para o segundo turno nas eleições de governador de Alagoas nesta lamentável campanha. Pelo baixo nível dos debates, as mentiras assacadas contra o eleitor, as lorotas vistas e ouvidas nos programas de TV e rádio e ao vivo pelos candidatos, a falta de propostas concretas para tirar Alagoas do estágio de super subdesenvolvimento em que foi metida por seus gestores. Ao invés disso, partiram para as famigeradas promessas do “quem dá mais esmolas que eu”? E até nisso erraram bisonhamente: suas promessas, juntas, não atenderiam sequer 10% das necessidades dos 1,3 milhão de esfomeados e das 60% pessoas pobres que foram “plantadas” em Alagoas para, a cada eleição, políticos colherem votos. 

Nessa edição, o EXTRA traz importante matéria com os candidatos a governador sobre os problemas causados em Maceió e a Alagoas pela exploração do sal-gema. Uma ótima oportunidade para eles afinal se posicionarem sobre o tema para alagoanos e maceioenses em particular. O que vimos? Perguntado quanto à relocalização da indústria da Braskem de Maceió – onde ameaça centena de milhares de cidadãos – para local seguro em Alagoas, um candidato teve o desplante de afirmar que é pra ficar lá mesmo, outros três tergiversaram e apenas um foi direto sobre a necessidade de retirar a indústria daquele lugar. Lamentável! 

Visão medíocre e covarde sobre tema que afeta a vida de centena de milhares de moradores da capital há 50 anos e que políticos e autoridades – muito estranhamente – evitam abordar, enfrentar. E aí tergiversam fazendo a todos de bobos. Quando perguntados sobre a destruição da região noroeste da cidade pela Braskem, e se e como, eles iriam cobrar os muitos bilhões devidos a Maceió e Alagoas pelo mega desastre – o maior do mundo em sua categoria – vez que há quatro anos e meio a anomia sobre esse tema é geral, os senhores que leram a matéria perceberam o “toque” malicioso das frases feitas bombásticas de algumas respostas, mas de zero possibilidade de serem implementadas... 

Outras respostas seriam risíveis, não fosse o trágico que envolve o tema, mostrando o alheamento de quase todos em relação ao que está se passando com as pessoas afetadas, com a cidade vilipendiada e o Estado fraudado. O raso padrão de respostas mostrou isso. O lero enganador de sempre, como se os alagoanos fossem idiotas e eterna massa de manobra. O espaço não dá. Voltaremos ao tema no segundo turno. Os candidatos que lograrem ir para essa etapa precisam dizer o que vão fazer para resolver essa safadeza, sem tentativas escrotas de enganar os alagoanos com meias verdades rasas e obtusas sobre o tema. Agora, e de novo, a sociedade quer respostas: por que a Braskem que emprega apenas 0,14% da força de trabalho em Alagoas, recebe, sim, incentivos fiscais, nada ou quase nada paga de impostos ao estado. 

Representa menos de 0,8% do PIB alagoano – um pibinho de nada, um dos menores do país – que em 17 anos do seu “reinado”(entre 2002 e 2017) viu Alagoas reduzir em 46% seu PIB e em 66% a renda per capita média das famílias – desmoralizando o seu discurso e dos políticos de que ela seria o “esteio” (sic) do desenvolvimento do estado¹? Não é, nunca foi ou será, mantido seu atual modelo predador. Por que então essa defesa da empresa em detrimento de Maceió? De Alagoas? ¹ Os dados se encontram no livro Rasgando a Cortina de Silêncios, lançado recentemente, que contempla soluções urbanísticas de ponta para as duas áreas (pontal e região Noroeste). Propostas do tipo ganhaganha. Os candidatos poderiam dar uma olhada..

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


Encontrou algum erro? Entre em contato