colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Mais um título de ‘campeão’ às avessas

28/01/2023 - 12:48
Atualização: 28/01/2023 - 13:03

ACESSIBILIDADE

Marcello Casal/Arquivo/Agência Brasil
Extrema pobreza
Extrema pobreza

Nada surpreso com os infamantes números que afetam de forma direta a vida de 98% dos nossos irmãos alagoanos, mas, sempre estupefato, com os revoltantes índices que surgem dia sim, outro também para comprovar a iniquidade do atual modelo político-econômico-oligárquico e agora também familiar, em sua máxima expressão de mandos e desmandos.

Desta vez, a informação veio do Instituto Trata Brasil, a partir de dados do IBGE/2022) e foi outra enorme chicotada na cara do cidadão alagoano: aquela entidade confirmou o que já imaginámos – mas não tínhamos os números para comprovar: Alagoas tem a pior qualidade de vida do Brasil! Pior que a do Nordeste e pior que o de cada estado brasileiro.

Para chegar aos números de Alagoas, o estudo considerou as variáveis renda, emprego, longevidade, educação e violência. Índices mais próximos de 1 significam melhor qualidade de vida. Alagoas obteve miseráveis 0,23. Número similar aos mais atrasados países da África!

Então fica combinado: vamos atualizar o nosso ranking dos campeões nacionais.

*Somos os piores do país em termos de renda média
*Somos também os piores no número de analfabetos no Brasil
*Somos campeões brasileiros de gente passando fome
*Somos campeões no desemprego oficial e líder no informal
*Somos vice-campeões nacionais na rasa produtividade da nossa mão de obra
*Somos campeões da desigualdade no Brasil
*Temos o quarto lugar entre os judiciários de menos transparência
*A dívida pública é impagável nas atuais circunstâncias e o quadro fiscal, tenebroso
*Nossa melhor universidade ocupa o 1.002º lugar no ranking global do setor
*Nossa indústria – irrelevante e superada – equivale a ½ % da indústria nacional
*A semi medieval agricultura obriga que se importe 90% de alimentos aqui consumidos
*O maior PIB em Alagoas é o do governo, péssimo sinal da saúde da economia local
*A educação pública analógica, desigual e com alto deficit educacional é uma mixórdia
*O PIB real de Alagoas regrediu entre 1970 e 2020.

O PIB real de Alagoas regrediu entre 1970 e 2020.Aquele morador do enclave dos 2% despreocupado e feliz com a vida deve pensar com seus botões: que cara é esse que vive nos forçando a abrir os olhos para algo que sabemos, mas não queremos enxergar, enquanto políticos e governantes fazem de contas que essas aberrações aqui citadas não são com eles? São, sim. Com cada um deles e todos.

No caso dos governantes, haja trabalho para a turma do marketing tratar de enganar o vulgo com pão e circo e publicidades enganosas que só o CONAR (Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária) não vê, nem pune. Nem o judiciário se move para dar um fim às criminosas inserções sobre uma Alagoas que só existe nos filmetes para turista ver e para os 75% de semi alfabetizados se auto enganarem que aquilo também pertence ao mundo deles.

Governantes e autoridades se “esquecem de propósito” dos outros 98% da população que sobrevive em 99% do território à mingua, sem emprego, saúde, educação mínima, transporte ou nada que longinquamente lembre que seus direitos de cidadão e cidadã – a eles sonegados secularmente por aqui de forma acintosa – estariam sendo respeitados.

E viva o atraso e o subdesenvolvimento! São eles que alimentam nossas “autoridades”.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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