Há luz no final do túnel: a Braskem não pode tudo

O movimento que suscitou a Carta Aberta da população de Alagoas contra a participação da Braskem no programa BBB da Rede Globo com um discurso de “defensora do meio ambiente” está comemorando algumas grandes vitórias iniciais. Como a gigantesca mobilização de apoio da população brasileira nas redes sociais aos alagoanos e de repudio à empresa.

No Twitter, a rede mais utilizada pelos internautas para postar seus comentários sobre o programa, o que se viu na primeira semana do BBB foi um massacre de menções negativas à Braskem por sua incongruente mensagem em defesa do meio ambiente. No inicio do programa, a Braskem foi citada de forma negativa em nada menos que 18% das menções no Twitter, segundo a plataforma Knewin, citada pelo site Buzz Metrópoles (só perdeu em termos de menções totais para o Globo Play, da emissora dona do programa). Um enorme tiro no pé do ponto de vista do marketing.

Por outro lado, embora os analistas não tenham feita a associação, é possível que algum reflexo da pressão em cima da empresa pelo movimento dos alagoanos – que hoje ganhou amplitude nacional – pode ter resvalado na rede Globo que “ligou o sinal amarelo por causa da audiência da primeira semana do BBB 23”, segundo o site Noticias da TV: “foi o pior ibope em uma noite de Prova do Líder em seus 21 anos de história. Ficou abaixo dos 20 pontos”. Coincidência ou não, exato na época do lançamento da Carta Aberta e da cobertura inicial da mídia nacional, regional e local...

Outra grande vitória tem sido o apoio maciço dos brasileiros de todas as partes do país e, dos alagoanos, em especial, à Carta Aberta (ver aqui) cuja maciça adesão já se aproxima do incrível número de 30 mil pessoas. Para a Change.org, a maior ONG do mundo do segmento de abaixo assinados digitais, já é uma das maiores taxas de adesões a um documento postado em sua plataforma em todo o mundo!

E isso, não tem preço para Maceió e para as 120 mil pessoas de Maceió proprietárias de mais de 22 mil imóveis destruídos ou desvalorizados pela megadesastre que a empresa provocou na cidade. É a virada da mesa da comunidade maceioense na batalha da comunicação frente a uma multinacional bilionária que nunca mediu esforços para gastar milhões em comunicados milimetricamente edulcorados para enganar incautos com suas versões cavilosas da verdade, ao invés de pagar o que deve aos alagoanos e à Maceió.

A terceira vitória é uma decorrência direta da magnitude que tomou o movimento de repúdio dos alagoanos ao envolvimento da Braskem no BBB, um programa que é uma vitrine – para o bem ou para o mal – para quem com ele se envolve. Os maceioenses não tem dúvida que a primeira parte da sua estratégia de denunciar a Braskem ao Brasil, deu muito certo, está dando muito certo. Mas a pressão vai aumentar.

Todos os 34 anunciantes do BBB foram notificados o risco que suas marcas podem estar correndo ao se verem associadas a uma empresa cujo passivo institucional e ambiental (envolvimento na Lava Jato, acordo na justiça americana para se livrar do processo da Lava Lato por lá, destruição de parte de Maceió, etc.) certamente não são recomendáveis.

Em sete dias se eles não tomarem ações concretas neste imbróglio, as redes sociais serão utilizadas pela extensa rede de apoio que foi construída em defesa dos alagoanos para informar ao consumidor brasileiro a omissão daquela marca em relação à questão ambiental, para que os consumidores livremente decidam se continuam ou não consumindo os seus produtos...

A carta aberta também foi enviada à ministra do Meio Ambiente e ao CONAR (de auto regulamentação da propaganda no Brasil) para que em suas respectivas áreas, sejam tomadas as medidas cabíveis para a suspensão da propaganda no BBB e para que o Estado brasileiro faça a sua parte (não está fazendo) para a penalização da empresa e o ressarcimento pleno de todos os prejudicados pela Braskem em Alagoas.

O cidadão de Maceió está de parabéns, afinal acordou para dar um basta em tudo que essa empresa, suas autoridades, órgãos do judiciário vem fazendo contra os interesses de Maceió, de Alagoas e dos cidadãos de Maceió e dos refugiados da Braskem. Ressalto algumas figuras públicas que – antes tarde que nunca – começam a se posicionar a favor da sua gente. Serão benvindos. Que venham mais.

Tem uma frase da antropóloga Margareth Mead que cabe como uma luva para esta situação: “Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas conscientes e engajadas possa mudar o mundo”.

Hoje já são milhões por este país afora. E até onde se saiba nunca uma empresa e seus acólitos encoloiados em posições públicas venceram um mar de gente desse tamanho contrária às suas arbitrariedades e corrupções.

banner