colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

A reação dos alagoanos à Braskem no BBB

30/01/2023 - 10:00
Atualização: 30/01/2023 - 12:21

ACESSIBILIDADE

Reprodução/TV Globo
Patrocínio da Braskem ao BB3 repercute negativamente
Patrocínio da Braskem ao BB3 repercute negativamente

Poucas vezes na vida senti a pulsação da sociedade alagoana tão alterada, indignada em torno de um tema, no caso a unânime forte crítica à presença da Braskem como uma das patrocinadoras do BBB, um dos programas de maior audiência da TV brasileira, defendendo a cavilosa mensagem de defesa do meio ambiente. Logo ela, um dos maiores grupos do setor que mais gera poluição no planeta, seja na terra ou nos mares: o do plástico!

O efeito imediato e avassalador entre os alagoanos foi como se tivessem tomado uma tapa na cara da Braskem, uma empresa que há duas décadas inferniza e ameaça potencialmente a vida da população de Maceió com sua presença indesejada, localização ilegal e criminosamente antiambiental de sua maior planta industrial DENTRO de nossa capital.

Uma indústria de grande porte, velha (50 anos) com sérios problemas de manutenção que já provocou graves acidentes e até morte no seu interior. Que ameaça diariamente a vida de 150 mil pessoas que residem, trabalham ou estudam no perímetro potencial de acidente com cloro, um dos mais perigosos e mortais elementos químicos que a Braskem produz.

E que segue na sua marcha batida de insensatez, prepotência e relações espúrias com autoridades dos três níveis de governo, municipal, estadual e federal que só prejuízos e atraso econômico trouxeram a Alagoas e Maceió. O grupo representa menos de 0,5% do paupérrimo PIB de Alagoas. Enganou a muitos desde os primórdios com promessas vãs de progresso e desenvolvimento (sic!) e entregou perdas no PIB alagoano e destruição!

Outra das suas s ações deletérias em Maceió – as falhas grotescas da mineração do sal-gema em área altamente sensível – exatamente abaixo de importantes conglomerados urbanos de Maceió – que a empresa findou por provocar dois terremotos na cidade que afundaram e destruíram a região noroeste de Maceió, uma área equivalente a 300 campos de futebol do CSA, uma das vítimas da sanha braskeniana em Maceió.

Os números e as dores que eles provocaram são conhecidos de todos, não vou enumerá-los, estão disponíveis por aí, mas quero ressaltar o que se somou a eles para produzir o “caldo de cultura” que conduziu à explosão dos alagoanos a partir da insidiosa participação da Braskem no BBB: qualquer um em Alagoas sabe – e se enoja – com a babel de informações e dados virtualmente mentirosos, vigaristicamente insinuados como (falsas) verdades em comunicados esculpidos a dedo para enganar incautos, que são produzidos diariamente pela Braskem.

A falta de dosimetria das fakes news divulgadas e a insistente tentativa de fazer valer o princípio hitleriano de que uma mentira contada milhares de vezes se torna verdade, os “comunicados” diários e insistentes da Braskem findaram por deixar até a velhinha de Taubaté, do Veríssimo, descrente de suas mensagens. É assim que os alagoanos se sentem. Estuprados por uma massiva e cavilosa campanha que desvirtua a verdade tentando fazê-los engolir a seco “verdades” e “providências” em relação ao mega desastre que a empresa provocou na cidade, o maior do mundo em área urbana. Tudo lero. Ou meias verdades sofismáticas.

Deu no que deu. O caldo entornou e agora a empresa ao que parece terá que engolir o fel que destilou sobre essa cidade durante tanto tempo. Os milhões de interações nas redes sociais mostraram o caminho que os alagoanos devem percorrer nessa luta insana em defesa de Maceió. Que prossigam. A luta é desigual, mas no fim o bem sempre prevalece.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


Encontrou algum erro? Entre em contato