colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Pau que nasce torto...

19/03/2023 - 07:19

ACESSIBILIDADE

Afrânio Bastos
Imagem da região afetada pela mineração de sal-gema da Braskem
Imagem da região afetada pela mineração de sal-gema da Braskem

A Braskem provocou há 5 anos em Maceió um megadesastre ambiental, o maior do mundo em área urbana, provocando enorme prejuízo à cidade e moradores das áreas afetadas. Mas insiste em negar ser a responsável, embora, “assuma” em acordo com a justiça federal, o compromisso de reconstruir o que foi destruído [por ela]. “Acordo” com vícios insanáveis: não teve a participação do estado, da prefeitura da cidade, dos órgãos de controle, da academia, das pessoas afetadas pelo desastre, das representações da sociedade (sindicatos, associações, ONGs) ou de técnicos envolvidos com o problema. 

O documento também beneficia de forma clara a Braskem, ao ponto de autorizá- -la a contratar empresas (como se fosse ela um órgão público) para conceber planos intervencionistas para a região, sem que ninguém com representatividade pública ou tecnicamente indicado pela sociedade fosse envolvido. Resultado: recentemente a prefeitura rejeitou in limine as propostas das contratadas da Braskem para a região. É preciso que se diga que não foi dada nenhuma chance às empresas técnicas locais de apresentarem suas propostas. Resultado. Um documento pífio, anódino, criticado e rejeitado pelo mundo técnico e acadêmico da cidade por sua incompatibilidade com a realidade local. 

Esse tema na verdade está se torando “caso de polícia”. Semana passada, meses após a empresa tentar ludibriar – e ser denunciada pela mídia local – os alagoanos, com um evento “fake” de plateia “controlada” (sem a presença da sociedade maceioense e dos atingidos pela macro desastre provocado pela empresa) que ela apelidou de Escuta Pública (sic), afinal ela realizou a tal escuta para apresentar a sua proposta sociourbanística para a região afetada. Que foi rejeitada cabal e unanimemente pela comunidade técnica alagoana presente ao evento, como registramos em artigo anterior. Não se podia esperar nada diferente disso. 

Na, terça-feira, 14, foi a vez de ela apresentar novas propostas – frágeis e altamente criticadas pelos presentes que também foram sumária e incisivamente rejeitadas por coisas como: manipulação de dados; ausência de informações essenciais; superficialidade das análises; dados buscados em fontes inadequadas pré-desastre; novamente “aformosando” na escrita o relatório visando minimizar o papel da Braskem no megadesastre. Além dos erros conceituais e metodológicos grosseiros, segundo intervenções dos presentes à reunião. Na próxima semana a Braskem vai apresentar mais uma faceta do seu “plano” para a região afetada, desconhecendo as rejeições havidas nas duas primeiras reuniões. 

A ideia, como já avisamos aqui, é após as 4 reuniões não haver nenhum documento formal com a assinatura dos presentes para registrar [a rejeição] das propostas. É precisa que se diga que, tanto na reunião da semana passada como na desta semana, foram feitas pelos presentes graves acusações contra a empresa responsável pela produção do documento, sugerindo até conluio com a empresa contratante dado o longo histórico de relacionamento das duas em várias outras situações envolvendo a Braskem e a indefectível Odebretch (hoje Novonor) mundo afora. E essa foi apenas uma das questões que foram levantadas. Houve várias outras que o espaço aqui não dá para relatar, mas que o MPE, o MPF, e outros órgãos de Estado no nível federal e estadual deveriam apurar.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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