colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Sal-gema: Alagoas à beira de um enorme calote

14/05/2023 - 10:26
Atualização: 14/05/2023 - 10:32

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Afrânio Bastos
Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto estão afundando
Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto estão afundando

A Braskem gasta rios de dinheiro em marketing para vender meias verdades edulcoradas a seus acionistas, autoridades, futuros investidores interessados em adquiri-la, o povo brasileiro e, em especial, aos alagoanos, diariamente obrigados a suportar gigantesca carga de aleivosias, números capciosos forjados para confundir e esconder a verdade sobre o que ela provocou em Maceió (que ela, dissimulada, chama até hoje de incidente geológico!!!).

Até hoje nem foi punida pela lei, nem nunca pagou nada do que deve a Alagoas, a Maceió, aos municípios da região metropolitana da capital, aos mais de 240 mil moradores do entorno do megadesastre (que viram suas casas se desvalorizarem cerca de 40%!) e, 5 anos depois, sequer concluiu o pagamento das 60 mil pessoas que foram expulsas de suas empresas e casas.

E o que dizer da verdadeira espada de Dâmocles que ela mantém sobre as cabeças dos maceioenses, ao insistir em manter de forma irregular (veja à página 99, a figura 1 do livro Rasgando a cortina de Silêncios – o Lado B da exploração do Sal-Gema de Maceió que comprova a falsidade ideológica perpetrada para “regularizar” a sua localização praticamente dentro do Centro Comercial de Maceió).

Um crime bárbaro contra a cidade e seu povo! São números, dados, informações que ela subtrai – desde o cataclisma que provocou em Maceió – de seus balanços e notas explicativas ao mercado, a seus acionistas e às autoridades para que não se saiba a verdadeira situação da empresa.

A Braskem agora tem interessados que parecem dispostos a adquiri-la. Estaremos divulgando na segunda-feira uma carta aberta aos mesmos, à CVM Brasil e a SEG (a CVM americana), à Petrobras, aos ministros da Fazenda e da Justiça, além do STJ e Supremo, no sentido de alertá-los para o passivo não resolvido em Alagoas que se aproxima de 70% do valor atual que os investidores estão dispostos a pagar por ela. E aí, a conta não fecha.

Dos 35 bilhões de reais oferecidos pelos fundos investidores, quase 15 bilhões é para pagar o que a Braskem deve aos bancos, outros 16,4 bilhões de reais pertencem à Petrobras (que detém 47% do capital total) e, 1 bilhão de reais irão para os demais sócios (que detêm 2,9% do seu capital). Sobram, portanto, 2,6 bilhões de reais.

Então como ela irá saldar seu débito em Alagoas que, numa conta conservadora, estimo entre 23 a 25 bilhões de reais? Se o Governo de Alagoas, a Prefeitura de Maceió, as prefeituras da área metropolitana da capital, os movimentos dos expulsos de suas casas e empresas e os residente do entorno do megadesastre não se unirem já e reagirem agora, correm o risco de tomarem um calote multibilionário.

Apresentei no Senado Federal em audiência promovida pelo senador Renan Calheiros, alternativa(s) de alta urgência para evitar isso, mas até agora os interessados não nos procuraram. Não se pode cair no canto de sereia de que os novos donos irão “resolver o problema de Alagoas”; não vão. Aliás, um deles, o Apolo, é conhecido no mercado pelo jargão de “fundo abutre”*. Ou se resolve o caso de Alagoas nos próximos dias ou vai todo mundo tomar um mega calote!!!

*Fundos abutres são fundos de investimento especializados em comprar ativos de alto risco visando altos retornos. Atuam na compra de títulos de dívidas de devedores quase inadimplentes ou de ações de empresas perto da falência. Eles são classificados assim por terem sido analisados pelas agências de classificação e risco como sendo de alto risco de calote

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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