colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

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Porto de Maceió: Um grande problema

29/05/2023 - 09:30

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Ascom Porto de Maceió
Área do Porto de Maceió
Área do Porto de Maceió

De acordo com o professor e arquiteto italiano Rinio Bruttomesso, “não há como evitar conflitos decorrentes das operações portuárias [em área urbana], mas é preciso estabelecer um diálogo constante para resolver as questões de forma harmônica”. Para ele, “a atividade portuária não pode criar um problema para quem vive ali”. É preciso, pois, buscar soluções para uma convivência sadia. “E que essas soluções devem levar em conta em primeiro lugar os interesses da comunidade”, encerrou ele, uma das maiores autoridades do mundo no assunto.

Para isso, três passos são fundamentais: a) o estabelecimento de um diálogo para que ambos conheçam suas necessidades e problemas; b) encontrar uma visão compartilhada pelos dois lados (os pontos comuns) e; c) buscar soluções factíveis para os problemas apresentados (neste caso, não é um processo rápido já que demanda pesquisas e diálogos constantes). Esse é o padrão-ouro para as relações do setor com as comunidades onde operam.

Não é o que acontece com o Porto de Maceió, encravado dentro da cidade e operando, ao que parece, ao seu bel prazer sem que as autoridades ambientais, sanitárias e outras interfiram em defesa dos interesses da nossa comunidade.

Como é o caso do polêmico projeto de armazenagem de acido sulfúrico (um ácido inorgânico potente, extremamente corrosivo e oxidante que, no caso de humanos atingidos por ele, pode, no limite, levar à morte) naquela unidade portuária de Maceió (que depois será transportado pela área urbana de Maceió até Santa Luzia do Norte, sede da multinacional Timac Agro para a produção de fertilizantes).

Maceió já vive assaltada pela presença de uma indústria química de grande porte pertencente à Braskem dentro da nossa cidade a ameaçar potencialmente a vida de centena de milhares de pessoas em caso de um acidente grave naquele parque industrial, velho (quase 50 anos), defasado tecnologicamente e com recorrentes problemas de manutenção.

Também é ameaçada pela presença de enormes tanques para armazenamento de combustíveis na entrada do porto, em Jaraguá. E agora está ameaçada de ver implantada uma unidade de armazenamento de ácido sulfúrico no porto, a se crer no edital de convocação feito pela empresa para discutir o EIA-RIMA para o projeto (ou seja: o IMA está metido nessa também) no início de junho.

Tenho repetido à exaustão que Maceió é uma cidade sitiada. E pelo que se observa cada vez mais sitiada. Até quando?!

Os defensores do meio ambiente dessa cidade precisam agir, antes que seja tarde demais. E vou repetir as palavras do professor Bruttomesso: “a atividade portuária não pode criar um problema para quem vive ali”. E esse projeto é, sim, um grande problema para a cidade.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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