colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Caso do ácido sulfúrico: quando a sociedade se organiza vence

25/06/2023 - 09:14
Atualização: 30/06/2023 - 16:45

ACESSIBILIDADE

Ascom Porto de Maceió
Sociedade civil tem acompanhado processo sobre possível instalação de depósito de ácido sulfúrico no Porto de Maceió
Sociedade civil tem acompanhado processo sobre possível instalação de depósito de ácido sulfúrico no Porto de Maceió

Em abril de 2021, mais exatamente no dia 14, sob o titulo de “Maceió corre o risco real de dois acidentes graves” já alertávamos na coluna sobre os perigos de Maceió brevemente (naquela época) vir a sediar no porto de Maceió – portanto em pleno Centro da Cidade - silo para armazenagem de ácido sulfúrico, e sobre os perigos dai decorrentes para a cidade e nossa população.

E, alertávamos mais uma vez para o outro perigo potencial – este já instalado e ameaçando diretamente cerca de 20% da população de nossa Capital em caso de acidente grave – que é a presença indesejada, criminosa, irregular e ilegal (ver o porquê na Figura 1 da página 99, do livro Rasgando a Cortina de Silêncios – O lado B da exploração do Sal-Gema de Maceió) da indústria química de grande porte pertencente à Braskem.

Um “sucatão” com quase 50 de anos de operação que demanda enorme esforço de manutenção na tentativa de “consertar” diariamente problemas operacionais que podem levar a acidentes como a explosão de um tanque de combustíveis desativado ocorrida esta semana na cidade de Santo André - SP matando um funcionário e deixando gravemente feridos outros três. Isso em apenas um tanque desativado. Imagine numa usina velha em plena operação como a de Maceió...

No artigo de 2021 alertávamos que tanto a prefeitura, quanto o estado de Alagoas tinham os instrumentos e as ferramentas para impedir mais um crime contra Maceió. O mesmo, se dando em relação à malfadada presença da Braskem com um sucatão de quase 50 anos a ameaçar nossa cidade e seu povo.

Na semana passada, exatamente no dia da realização da audiência pública para análise do EIA-RIMA, voltamos ao tema com artigo denominado “Maceió ganha presente de grego na semana do meio ambiente”. Ficamos felizes que nossos alertas tenham tido ampla repercussão na mídia local que passou a divulgar – de várias fontes - matérias sobre a futura liberação do silo; na sociedade local e entre os defensores do meio ambiente que se mobilizaram, e também da justiça estadual via promotoria do meio ambiente.

A mobilização da sociedade levou a que conquistássemos uma grande vitória com a suspensão das licenças da prefeitura e posicionamento contrário do governo do estado (embora o IMA teimosamente continue a analisar o “pedido” da empresa). Que a empresa busque outro local seguro mas fora de nossa cidade.

Fica a lição. Quando a sociedade se mobiliza de verdade, fica difícil para os políticos e gestores públicos irem contra a vontade dela.

Que tal não nos dispersarmos e partirmos para exigir que a lei se cumpra em relação ao sucatão da Braskem que ameaça a nossa cidade há mais de quarenta anos em plena praia do Pontal da Barra?

O exemplo da proibição do silo no porto de Maceió para armazenar ácido sulfúrico precisa servir de motivação para que a sociedade reassuma o seu protagonismo nos destinos de nossa cidade.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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