Caso do ácido sulfúrico: quando a sociedade se organiza vence
Em abril de 2021, mais exatamente no dia 14, sob o titulo de “Maceió corre o risco real de dois acidentes graves” já alertávamos na coluna sobre os perigos de Maceió brevemente (naquela época) vir a sediar no porto de Maceió – portanto em pleno Centro da Cidade - silo para armazenagem de ácido sulfúrico, e sobre os perigos dai decorrentes para a cidade e nossa população.
E, alertávamos mais uma vez para o outro perigo potencial – este já instalado e ameaçando diretamente cerca de 20% da população de nossa Capital em caso de acidente grave – que é a presença indesejada, criminosa, irregular e ilegal (ver o porquê na Figura 1 da página 99, do livro Rasgando a Cortina de Silêncios – O lado B da exploração do Sal-Gema de Maceió) da indústria química de grande porte pertencente à Braskem.
Um “sucatão” com quase 50 de anos de operação que demanda enorme esforço de manutenção na tentativa de “consertar” diariamente problemas operacionais que podem levar a acidentes como a explosão de um tanque de combustíveis desativado ocorrida esta semana na cidade de Santo André - SP matando um funcionário e deixando gravemente feridos outros três. Isso em apenas um tanque desativado. Imagine numa usina velha em plena operação como a de Maceió...
No artigo de 2021 alertávamos que tanto a prefeitura, quanto o estado de Alagoas tinham os instrumentos e as ferramentas para impedir mais um crime contra Maceió. O mesmo, se dando em relação à malfadada presença da Braskem com um sucatão de quase 50 anos a ameaçar nossa cidade e seu povo.
Na semana passada, exatamente no dia da realização da audiência pública para análise do EIA-RIMA, voltamos ao tema com artigo denominado “Maceió ganha presente de grego na semana do meio ambiente”. Ficamos felizes que nossos alertas tenham tido ampla repercussão na mídia local que passou a divulgar – de várias fontes - matérias sobre a futura liberação do silo; na sociedade local e entre os defensores do meio ambiente que se mobilizaram, e também da justiça estadual via promotoria do meio ambiente.
A mobilização da sociedade levou a que conquistássemos uma grande vitória com a suspensão das licenças da prefeitura e posicionamento contrário do governo do estado (embora o IMA teimosamente continue a analisar o “pedido” da empresa). Que a empresa busque outro local seguro mas fora de nossa cidade.
Fica a lição. Quando a sociedade se mobiliza de verdade, fica difícil para os políticos e gestores públicos irem contra a vontade dela.
Que tal não nos dispersarmos e partirmos para exigir que a lei se cumpra em relação ao sucatão da Braskem que ameaça a nossa cidade há mais de quarenta anos em plena praia do Pontal da Barra?
O exemplo da proibição do silo no porto de Maceió para armazenar ácido sulfúrico precisa servir de motivação para que a sociedade reassuma o seu protagonismo nos destinos de nossa cidade.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA