colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Até quando, Braskem?!!!

06/07/2023 - 08:01
Atualização: 06/07/2023 - 08:34

ACESSIBILIDADE

Divulgação/Braskem
Braskem
Braskem

Ontem pela manhã as sirenas de alerta de acidente para evacuação da população do seu entorno da Braskem tocaram insistentemente causando pânico entre a população do Pontal da Barra e outros bairros do perímetro de perigo imediato da indústria química encravada dentro da área urbana de Maceió onde vivem, trabalham e estudam em torno de 15% da população da capital de Alagoas.

Não é a primeira vez que isso acontece. Segundo informações de trabalhadores da empresa, a indústria que tem quase meio século de funcionamento tem sido palco com frequência inquietante de incidentes que não chegam ao conhecimento da sociedade maceioense. Essa mesma indústria, não esqueçamos, já provocou algumas mortes de funcionários e ferimentos graves em outros, em especial no pessoal da área de manutenção.

Recentemente, a mesma Braskem em Santo André (SP) provocou a morte de dois trabalhadores terceirizados e ferimentos graves em pelo menos meia dúzia de funcionários, por conta de grave acidente durante a limpeza de tanque vazio da empresa. Agora, imaginemos se isso vier a ocorrer com a fábrica em plena operação como é o caso da Braskem no Pontal da Barra...

O Cloro não custa lembrar às autoridades, é um elemento químico gasoso, altamente reativo, extremamente tóxico, corrosivo e oxidante. Em contato com a pele causa queimaduras e graves ferimentos. O gás cloro é mais denso que o ar e pode se acumular próximo ao solo. Segundo a CETESB o cloro reage com substâncias orgânicas... causando irritação nos olhos, com lacrimejamento, tosse, dor de cabeça, falta de ar e sensibilidade à luz, vômitos e dores no peito. Em doses muito elevadas os danos causados ao epitélio pulmonar podem levar a morte por falha respiratória ou cardíaca. As crianças podem ser mais suscetíveis aos efeitos tóxicos do cloro.

Não é preciso ir mais longe para se imaginar os enormes danos à população de Maceió em caso de acidente de grande porte na indústria da Braskem situada na quase no centro da cidade...

Temos seguidamente alertado nos últimos anos para a absoluta necessidade da transferência da indústria para local seguro, distante de conglomerados urbanos. Sua presença na Praia do Pontal fere de morte a todos os preceitos conservacionistas e ambientalistas modernos. E a Lei.

Até quando os órgãos representativos de nossa sociedade vão permanecer, omissos, em inação ou prevaricando das suas atribuições? Passou da hora de agirem de forma objetiva no sentido de resolver esse megaproblema. Antes que o pior aconteça.

É urgente agir antes que tenhamos outro megadesastre de grandeza ainda maior que o ocorrido no Pinheiro, Bebedouro, Mutange, Bom Parto e Farol quando Maceió perdeu não apenas 15% do seu território, mas parte importante da cultura e das artes de nossa terra. Sem contar as mais de 180 mil pessoas afetadas pelo megadesastre que a Braskem provocou do qual, até hoje está literalmente impune.

Ou ações proativas só valem se os potenciais afetados forem a classe rica de nossa cidade como ocorreu há pouco com a proibição da armazenagem do ácido sulfúrico no porto de Maceió, também situado no centro de Maceió?

Com a palavra, o IMA e a prefeitura de Maceió que podem, respectivamente, cassar a licença de operação e a de localização da indústria; o Ministério Público Estadual que possui as ferramentas para fazer cumprir a Lei Ambiental ferida de morte pela ameaça da presença nociva da fábrica dentro de Maceió; a defensoria pública estadual que pode agir em defesa dos cidadãos de Maceió; a Câmara de Vereadores que pode votar lei alterando o uso do solo para aquela área impedindo a permanência do sucatão que ameaça a todos e outros que não me vem a memória no momento.

Até quando teremos que conviver com essa ignominia?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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