colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Uma histórica mudança de posição

13/07/2023 - 08:58
Atualização: 13/07/2023 - 15:24

ACESSIBILIDADE

Afrânio Bastos
Mineração provocou maior desastre ambiental em Maceió com a destruição de cinco bairros
Mineração provocou maior desastre ambiental em Maceió com a destruição de cinco bairros

Alagoas ontem foi protagonista de uma das mais espetaculares mudanças de posição estratégica em relação ao caso Braskem, ao romper a cortina de silêncios protetivos vigentes em relação àquela multinacional, a mais representativa empresa em operação no estado.

A Nota Relevante que o governo alagoano emitiu no dia de ontem – ainda pouco compreendida por aqui - por seu alcance, profundidade, impacto e repercussão direta entre os stackeholders envolvidos nas tratativas para a venda da Braskem nos faz acreditar que lutar em defesa de causas justas vale a pena.

A mudança de postura do estado de Alagoas em relação à Braskem é, sem nenhuma sombra de qualquer dúvida, uma histórica mudança que altera quase tudo em relação ao tratamento dado aquela empresa após o megadesastre que ela provocou em Maceió atingindo o estado de Alagoas, alguns municípios da grande Maceió, moradores dos Flexais, ex. moradores da área vermelha do epicentro do desastre e moradores do entorno do infausto evento que dizimou cinco bairros de nossa capital.

São mais de 130 mil pessoas atingidas pela incúria e irresponsabilidade daquela empresa, que, até ontem, sempre encontraram em Alagoas portas fechadas a todas as suas justas reinvindicações. Em especial nos órgãos de justiça pautados por um acordo espúrio que precisa ser motivo de investigações federais. Um instrumento que negou tudo aos atingidos e tornou a Braskem a “prefeita” das áreas atingidas. Para o bem e para o mal. Um escândalo.

No momento em que o governo de Alagoas rompe com essas anomalias e se coloca em defesa dos cidadãos de Maceió e de Alagoas, posicionando-se perante o governo federal e os interessados na aquisição da empresa em defesa dos seus interesses, dos cinco municípios da grande Maceió afetados e, em especial, dos cerca de 130 mil atingidos pelo mega desastre, “tira da boca” da Braskem o trunfo – que fica relegado à segundo plano - que ela usou e abusou ao longo dos últimos anos para explorar as vítimas da sua irresponsabilidade operacional negando-se tinhosamente em reconhecer os seus direitos plenos: o acordo MPF/Braskem.

Agora, a conversa toma outro rumo. Alagoas vai negociar diretamente com a NOVONOR e os eventuais interessados na aquisição da Braskem uma forma de equacionar de uma vez por todas o mega passivo da empresa em Alagoas. Fica de fora apenas a prefeitura de Maceió que, por opção, está em tratativas solitárias com a Braskem...

O mérito dessa gigante “virada de mesa” cabe ao senador Renan Calheiros que, como se diz aqui no Nordeste, “pegou o bode pelo chifre e o levou de volta ao curral” e ao governador de Alagoas, Paulo Dantas, que não titubeou, não apenas em apoiar, mas participar ativamente de toda a estratégia estabelecida para se chegar à NOTA RELEVANTE divulgada no dia de ontem.

Ficamos felizes em colaborar no design da nova estratégia para se lidar com a dívida da Braskem em Alagoas. Que vai levar - a partir de ontem - a uma nova e importante jornada de soluções para o estado e os cidadãos maceioenses alcançados pelo maior desastre ambiental do mundo provocado por uma multinacional química.

O maceioense anda ressabiado quando o tema é Braskem. Com razão. No entanto, me atrevo a lembrar-lhes que é a união que faz a força. Independente de cores partidárias ou de paixões políticas, apoiar a iniciativa das tratativas da divida da Braskem em outros termos que não os dela, é muito importante para todos e para tudo o que pode ocorrer daqui pra frente num prazo relativamente curto.

Foi dado o primeiro – e importante - passo. Que tal apoiar o segundo?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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