colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Um dia para ser comemorado

17/07/2023 - 10:23

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Afrânio Bastos
Pinheiro visto de cima
Pinheiro visto de cima

A última quarta-feira dessa semana que se finda é um daqueles dias que não se pode deixar passar despercebido pelos alagoanos. E, em especial por todos que clamam por justiça e pelo apoio dos entes estatais à luta dos maceioenses contra as ações deletérias da Braskem nos últimos cinco anos, principalmente.

A inepta condução da dívida que ela contraiu em Alagoas fruto do megadesastre provocado pela irresponsável mineração do nosso principal mineral, tem provocado estragos na vida das pessoas atingidas e enormes prejuízos a Maceió e a Alagoas. Afinal, são mais de meia década sem que o megaproblema tenha sido arranhado em seus reais montantes.

Nesse intervalo de tempo a Braskem usou e abusou da paciência das vítimas e dos entes estatais que também tem haveres a receber daquela empresa. Da mesma forma que criou uma narrativa capciosa para informar ao mercado e a seus acionistas sobre a dívida decorrente do “incidente geológico” (sic!) que é como ela denomina a destruição total por ela provocada que fez sumir cinco bairros de nossa cidade e tem causado enormes transtornos a toda a cidade.

O fato é que, até hoje, sequer os moradores diretamente afetados pelo megadesastre residentes na área vermelha da catástrofe de Maceió foram pagos em sua integralidade. Estão de fora de qualquer tratativa com a empresa os proprietários e familiares residentes no entorno da hecatombe (cerca de 24 mil imóveis e mais de 72 mil pessoas); os 3 mil moradores dos Flexais, os 5 mil dos municípios da grande Maceió e os 60 mil ex-moradores expulsos de suas casas. O volume do passivo da Braskem gira em torno de 2 dezenas de bilhões de reais.

A recente e meritória iniciativa do senador Renan Calheiros, que assumiu compromisso de junto aos organismos federais ligados ao assunto, impedir a venda da empresa sem que antes a dívida de Alagoas esteja equacionada, foi o gatilho que levou à NOTA RELEVANTE emitida na quarta-feira pelo governo do Estado, que rompeu a cortina local de silêncios cúmplices em torno da questão.

Um movimento histórico do ponto de vista político e institucional que certamente terá reflexos nas futuras eleições, mas, sobretudo, uma atitude cidadã do governador do Estado que sempre apoiou as iniciativas do senador Renan neste que é, sem dúvida alguma, o maior passivo financeiro de uma empresa para com uma comunidade. Alagoas e os atingidos são os maiores credores da Braskem. E é isso que o Fato Relevante chama a atenção ao exigir participar diretamente das tratativas de venda daquela companhia.

A partir de agora, o desequilíbrio de forças até hoje vigentes terá que ser reavaliado pela Braskem, investidores interessados na sua aquisição, bancos credores e entes federais ligados ao tema (que foram todos contatados formalmente). Alagoas se posicionou como nunca dantes. É a hora da virada de mesa em prol de nosso estado, dos credores locais da empresa e da população alagoana em geral.

Novas medidas estão sendo maturadas para, nos próximos dias, reforçar junto aos stackeholders envolvidos nas tratativas da venda Braskem a posição de Alagoas. Mais antes tarde que nunca.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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