colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

O acordo Braskem-Prefeitura é nefasto para Maceió

25/07/2023 - 09:06

ACESSIBILIDADE

Extra/Arquivo
Braskem em Maceió
Braskem em Maceió

Em fevereiro deste ano, a Braskem e a firma Diagonal sua contratada para a realização de um tal plano sociourbanístico para Maceió, irregular, já que a ela não compete pensar e planejar nada que se refira a Maceió, prerrogativa exclusiva do Estado seja através da Prefeitura de Maceió ou do governo de Alagoas.

Fato “esquecido” pelos autores do famigerado acordo Braskem-MPF que entregou as áreas afetadas pelo megadesastre que a empresa causou em Maceió, à gestão da própria. Macaco negociando com banana é pouco diante dessa aberração.

Pois bem, as duas, Braskem e Diagonal, elaboraram à jato um arremedo de plano e tentaram empurrar goela abaixo dos maceioense, mesmo diante das fortes reações contrárias dos diversos grupos técnicos de nossa capital envolvidos com o tema (inclusive à época a própria prefeitura de Maceió emitiu documento desancando a má qualidade técnica da tal “proposta” elaborada pela Diagonal).

Como não obtiveram êxito, tentaram dar um “by pass” na sociedade maceioense e à revelia da Lei, promoverem às escondidas - com apenas gente da sua laia presentes – uma tal de “escuta pública” para homologar a porcaria que havia sido produzida sob o pomposo nome (sic) de Plano Sociourbanístico.

Pega com as “mãos na botija” e diante do escândalo que foi fartamente denunciado na mídia local à época, gerando na sociedade maceioenses e nos meios técnicos locais indignação, revolta e perplexidade pela ousadia da completa falta caráter e respeito com os alagoanos, a dupla não tive outra saída que não “transferir” a realização do mesmo.

Cobradas pelas autoridades, foram obrigadas a realizar seminários com a presença da elite técnica de Maceió para “discutir” o tal documento. Que foi rejeitado na sua totalidade, dada a rasa qualidade técnica do mesmo, incompletude dos dados, análises técnicas rasteiras e por sua absoluta tendência pró-Braskem.

De lá para cá, a Braskem tenta de todas as formas dar um ar de oficialidade ao documento apócrifo por ela produzido e que não conta com o apoio dos especialistas locais e das comunidades atingidas. A penúltima tentativa, foi se aproveitar de uma reunião ordinária da FIEA para apresentar - novamente – o tal plano, sem a presença de nenhum das mais de duas dezenas de especialistas que já haviam rejeitado o mesmo, para no dia seguinte publicar na mídia local nota capciosa dando conta de que o plano havia sido apresentado e aprovado pelos presentes à reunião, como se aquele conciliábulo fosse capaz de oficializar tal ilicitude.

Sem aprovação da sociedade e dos técnicos de nossa cidade, a coisa foi ficando cada vez mais difícil para a empresa que além de tudo terá que explicar por que pagou a fabulosa quantia de 198 milhões de reais à Diagonal, quando se sabe que por menos de ¼ do preço as melhores consultorias do país fariam o serviço com a qualidade técnica exigida.

Nesta semana, a Braskem anunciou com picardia a celebração de “acordo” com a Prefeitura de Maceió. Tema do qual vamos nos ocupar ao longo dessa semana para desnudar a fajutice que está sendo vendida em Maceió como um grande negócio. Que não foi. Muito ao contrário.

Para hoje a temática é a falta de decoro da empresa em relação a Maceió. Eis que já nos “Considerandos” do documento, no item 2.1, a Braskem força a mão e tenta uma saída para o imbróglio, em que se meteu com o tal plano sociourbanístico elaborado pela Diagonal pela bagatela de quase um terço de bilhão de reais.

Pela quarta vez ela tenta enganar os alagoanos. Desta feita no citado item 2.1 do documento em análise, reza o seguinte: “O município declara que fez contribuições ao estudo realizado pela Diagonal”. Uma baita inverdade. O que a Prefeitura fez foi desancar o documento (está publicado em toda a mídia local) da Diagonal por sua rasa qualidade técnica.

E mais à frente afirma que [o município] “recebeu e analisou o relatório final (que relatório final cara pálida? O documento foi rejeitado no todo – e duas vezes - pela comunidade técnica de Maceió presente nos seminários de apresentação das propostas) “concordando com o diagnóstico apresentado (sic) e apoiará a Braskem” (sic)... perante as demais instituições pertinentes e a sociedade para a definição das medidas de compensação social a serem executadas”. Pronto. A Braskem agora se esconde por detrás da prefeitura para tentar oficializar um documento fajuto amplamente rejeitado por Maceió em varias ocasiões.

A Braskem quer que Maceió engula a seco mais uma das suas estripulias. Se a justiça parar de apoiar os interesses da empresa e passar a olhar para os da nossa cidade, somente por esse item, o “Acordo” (enfiada goela abaixo de Maceió) deveria ser revisto no seu todo.

Que fique bem claro para a história: O plano sociourbanístico que a empresa diz que pagou uma fortuna por ele (Alô Policia federal, sigam o dinheiro...) de nada vale. Foi rejeitado tecnicamente e por nossa sociedade e até pela prefeitura, que agora passa por esse vexame de se desdizer publicamente atrás de receber uma merreca que não atende sequer a 20% das necessidades de Maceió, em razão do brutal prejuízo que a Braskem nos presenteou.

Tem mais coisa. Muito mais. Até amanhã.

banner

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


Encontrou algum erro? Entre em contato