colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Abaixo o acordo Prefeitura-Braskem

26/07/2023 - 08:51
Atualização: 26/07/2023 - 08:55

ACESSIBILIDADE

Afrânio Bastos
Pinheiro, bairro destruído pela Braskem
Pinheiro, bairro destruído pela Braskem

Em Maceió todos sabem que a transação entre a Prefeitura da cidade e a Braskem para dar quitação aos prejuízos que a empresa causou a nossa cidade foi uma troca extremamente vantajosa para a Braskem. De novo. Em troca de uma merreca que mesmo que fosse paga na integralidade (e não vai, veremos mais à frente) sequer cobriria metade das despesas com mobilidade (tenho em mãos estudo mostrando isso), a Braskem conseguiu zerar o seu mega passivo que estimo em 8 bilhões, no mínimo, pela merreca de 1 bilhão de reais. Mais um escândalo protagonizado por aquela companhia em Alagoas, desta feita com o auxilio vergonhoso da prefeitura de Maceió. 

Um caso de polícia. No afã de por a mão na merreca que vai sobrar depois que a Braskem inventou umas despesas – docemente aceitas como se verdadeiras pela prefeitura - para reduzir a já ínfima quantia paga por ter destruído grande parte de Maceió, a Prefeitura está passando pelo vexame de assinar um “Acordo” (melhor chamar de acerto) que expos as vísceras da sua vassalagem à Braskem, tais são os absurdos ignominiosos ali contidos.Com esta patifaria oficializada Prefeitura e Braskem formalizaram uma das coisas mais vergonhosas que em minha já longa vida profissional pude – infelizmente – ver acontecer. E olha que já vi de quase tudo...

Pois bem, vamos então ver o que o prefeito da cidade disse tentando ludibriar a boa fé dos maceioenses, após se agachar vergonhosamente para a Braskem: “Para o valor de indenização anunciado na semana passada será criado um fundo de amparo ao morador”. Duvido. Vai ser mais um “passa moleque” nos sofridos afetados pelo megadesastre da Braskem. Não vai rolar um tostão furado na mão de ninguém. Até por que, como dissemos se o 1,7 bilhão de reais fosse liberado em 100% não cobriria sequer 50% das despesas previstas apenas para o item mobilidade.

O que está ocorrendo de fato é que a Braskem apresentou uma conta fajuta de 700 milhões gastos por ela em ações reparatórias no âmbito do malfadado acordo MPF-Braskem. São despesas de sua responsabilidade e não da prefeitura. No entanto, numa atitude de vassalagem e sujeição extrema àquela empresa, a prefeitura de Maceió nada obstou. E vai pagar o mico de perder 700 milhões da merreca do seu acerto com a Braskem.Por que será? Por eu esse desespero em pegar na grana – qualquer grana? Alertamos as autoridades que não há plano de aplicação, projetos, programas, nada para os recursos que entrarão no caixa da prefeitura. Isso não cheira a coisa boa para Maceió. É grana que vai ser gasta a toa que pode tomar outros destinos. 

Escrevam aí. E me cobrem se for o caso.Mas o prefeito disse mais: “para o valor da indenização a prefeitura conseguiu aderir aos acordos de mobilidade urbana (R$360 milhões), PAS (R$198 milhões), Flexais (R$ 150 milhões), termos de cooperação de defesa civil (90 milhões), acordo MPT/escolas/creches (R$ 40 milhões) e Comitê de danos imateriais (R$150 milhões) que garantirão investimentos importantes na cidade”.Fazendo crer que teve alguma coisa com aqueles acordos. Não teve. Uma fake news sem tamanho.Todos aqueles acordos foram celebrados ANTES, bem antes da atual gestão da Prefeitura aderir ao acordo MPF-Braskem. Uns até ainda na gestão municipal anterior.

O que a prefeitura fez agora foi assinar a capitulação de Maceió ao malfadado acordo MPF-Braskem que impede toda e qualquer iniciativa em prol dos afetados; um documento que elegeu uma série de atividades para serem executadas pela Braskem sem qualquer cotejamento dos seus custos no mercado; que excluiu Alagoas, prefeituras do entorno de Maceió, moradores do entorno, ex-moradores das zonas vermelhas e moradores dos Flexais (que poderiam, vejam só: aderir ao referido documento, DESDE QUE ACEITEM SEM CONTESTAR o que nele constar e acertado apenas entre a Braskem e o MPF). 

Foi isso que a prefeitura fez.Mas a fala do Alcaide não parou por aí: ... “fizemos o oposto [da administração anterior], chamamos a mineradora para conversar”. Por falar nisso, a prefeitura precisa explicar por que repentinamente deu um fim no GSI (o organismo que vinha tratando das negociações com a Braskem que passou a ser realizada diretamente pelo Alcaide e seu staff próximo). E continuou ele: “cobramos o que era devido a Maceió e conquistamos recursos importantes para o município”.

Menos prefeito, menos. Os meios técnicos de Maceió sabem que o GSI vinha tratando de um volume de recursos pelo menos 4 vezes superior ao que o senhor acabou por fechar. Por que essa diferença abissal? Existem levantamentos, prefeito, que indicam que o GSI estava no rumo certo... Então, sem essa de que “conquistamos recursos importantes para o município”!Ele também tenta fazer do limão que está obrigando a Maceió a engolir seu sumo travoso, em uma doce – e inexistente – limonada. 

Vejam a pérola da nota emitida pela prefeitura: somando todos os fechamentos [acima citados e que foram feitos à revelia da prefeitura], Maceió conquistou R$ 2,688 bilhões desde o inicio do governo JHC.Uma inverdade do tamanho do sofrimento que Maceió vem passando nos últimos 5 anos sem nada de significativamente positivo a prefeitura tenha feito em seu favor. Malba Taham deve estar se revirando em seu túmulo com a “matemágica” usada por sua excelência para transformar 2 - 2 em 22...

E haja paciência com essa gente!

Abaixo o Acordo/acerto Braskem-Prefeitura de Maceió.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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