colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

A lição chinesa

07/08/2023 - 08:51

ACESSIBILIDADE


“Como a China escapou da terapia de choque”, da economista alemã Isabella M. Weber acaba de chegar às livrarias do Brasil por uma iniciativa da Editora Boi Tempo. O livro mostra por que e como a China deu certo. A virada da China para o mercado e o desenvolvimento pode ser resumida em duas frases: foi produto da qualidade de formação intelectual da sua elite técnica e do vigor da academia chinesa. Para quem não lembra, nas décadas de 1980 e 1990 em especial, os chineses “inundaram” as principais universidades do mundo com um batalhão de estudantes chineses nos cursos de graduação, mestrado e doutorado.

Mas as mudanças naquele país asiático começaram antes dos anos 1980 com um discreto movimento de suas lideranças, que enviaram representantes a todos os países relevantes no sentido de “capturar” expertises de cada um – acertos e erros – na condução de suas respectivas políticas de desenvolvimento. Com isso evitando erros e maximizando acertos. Eles conversaram com defensores da ortodoxia stalinista até a liberais como Milton Friedman. Como curiosidade, o então ministro brasileiro Delfin Netto foi um dos “ouvidos”.

O simples fato de ir buscar a expertise que não tinham e, muita briga política interna que levou a sucessivos expurgos na cúpula do partido comunista chinês, que controla o país com mão de ferro, conduziram o país ao modelo virando a China de ponta-cabeça na sua economia ao migrar do modelo maoísta para uma economia mista, onde a mão invisível do mercado é guiada pela mão visível do Estado.

A economista alemã faz uma “viagem” profícua das reformas que levaram às mudanças e moldaram o “novo modelo econômico desenvolvimentista” daquele país. Que o levou a sair da pobreza e miséria maoísta a partir dos anos 1980 e 1990 para se tornar atualmente a segunda maior economia do mundo.

E por que essa longa digressão sobre a China?

Porque o Brasil há quase 5 décadas patina em índices de crescimento em torno de 1% e em taxa de produtividade quase criminosas (são precisos 5 brasileiros para fazer o mesmo que um americano produz).

E não vai sair dessa pasmaceira se não der um salto quântico na qualidade da sua mão de obra, coisa que nem a educação básica ou superior brasileira pode ofertar. Então, por que não fazer como os chineses e enviar centenas de milhares de profissionais para estudarem fora (não no modelo atual frouxo e sem acompanhamento). Serão eles que iriam assumir a liderança das mudanças por aqui.

E qualificar aqueles que não foram estudar fora com a qualidade e a expertise adquiridas no exterior. Nada vai se conseguir com esse modelo que aí está de preparar a mão de obra com docentes não aptos para isso.

Hora de se pensar disruptivamente.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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