Braskem: a proposta ganha-ganha de Alagoas
Passou da hora de os alagoanos se informarem sobre os bastidores da venda da maior empresa em operação no estado e das implicações do design que ela (acostumada a mandar e desmandar nas autoridades locais) e os grupos interessados na sua aquisição estão urdindo para deixar os credores de Alagoas “para depois” da passagem do controle acionário da companhia. Com todas as implicações negativas que isso representa, e da luta que está sendo travada no cenário político e empresarial nacional para evitar que isso aconteça.
A antiga Odebrecht hoje denominada Novonor, é a acionista majoritária da Braskem detendo 8,1 bilhões de reais do seu capital, seguida de perto pela Petrobras com 7,6 bilhões de reais. Os acionistas minoritários detêm 5,4 bilhões de reais e o capital total da companhia é de 21,3 bilhões de reais. Seu faturamento bruto anual é da ordem de 100 bilhões de reais, com margens líquidas em torno de 5%. A empresa deve 14 bilhões de reais aos bancos (já autorizados pela justiça a venderem suas ações para liquidar o débito contraído pela petroquímica para socorrer a sua holding fortemente afetada pela operação Lava Jato).
Ela também deve entre uma dezena e meia a duas dezenas de bilhões de reais aos credores restantes em Alagoas. Nem é preciso fazer contas para “ver” que a companhia não tem como pagar as duas dívidas no curto prazo... A decisão ruinosa da Novonor de envolver a única empresa do grupo potencial presente e futuro em seu socorro findou por levar a Braskem a esta situação. Nos últimos anos vários grupos se interessaram em adquiri-la, mas ao se defrontarem com a real situação da empresa em Alagoas por conta do megadesastre findaram por desistir.
Pelo enorme potencial de conflitos e pela ameaça que a dívida local pode vir a ser para o balanço da empresa. A partir daí, a Braskem “construiu” estratégia para “resolver a dívida de Alagoas”. O acordo com as promotorias federal e estadual, francamente favorável, lhe assegura a “posse de parte de Maceió” para fazer como bem quiser suas intervenções (sic!) (sic!). É o macaco tomando conta das bananas! O suspeito acordo irrisório com a Prefeitura de Maceió (1,7 bilhão de reais para receber 1 bilhão de reais quando a prejuízo potencial da cidade é superior a 8 bilhões de reais) é outro exemplo de como ela está “resolvendo” a sua dívida por aqui, confiante na lentidão da justiça e na impunidade local.
Agora ela e os interessados na sua compra estão armando para deixar a dívida de empresa com o governo de Alagoas e outras 173 mil pessoas “para depois”. Decisão perniciosa, que só beneficia o agressor. Os interessados na sua aquisição (Petrobras, J&F e Unipar) estão em “due dilligence” na Braskem, etapa que precede a eventual oferta formal de cada um pela empresa. Os negociadores de Alagoas devem se antecipar a essas ofertas se movimentando em duas frentes. Internamente organizando-se para as tratativas e externamente para assegurar que a venda só ocorra após solução do “caso Alagoas” e apresentando proposta ganha-ganha, distante da decisão conservadora e preguiçosa dos players de “empurrar de barriga” o nosso estado. Trata-se de um movimento que revolucionará o “modus operandi” da transação. Estamos num momento crucial das tratativas.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA