colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Braskem: a proposta ganha-ganha de Alagoas

20/08/2023 - 07:20

ACESSIBILIDADE

Afrânio Bastos
Sede da Braskem, localizada no bairro do Pontal da Barra, em Maceió
Sede da Braskem, localizada no bairro do Pontal da Barra, em Maceió

Passou da hora de os alagoanos se informarem sobre os bastidores da venda da maior empresa em operação no estado e das implicações do design que ela (acostumada a mandar e desmandar nas autoridades locais) e os grupos interessados na sua aquisição estão urdindo para deixar os credores de Alagoas “para depois” da passagem do controle acionário da companhia. Com todas as implicações negativas que isso representa, e da luta que está sendo travada no cenário político e empresarial nacional para evitar que isso aconteça. 

A antiga Odebrecht hoje denominada Novonor, é a acionista majoritária da Braskem detendo 8,1 bilhões de reais do seu capital, seguida de perto pela Petrobras com 7,6 bilhões de reais. Os acionistas minoritários detêm 5,4 bilhões de reais e o capital total da companhia é de 21,3 bilhões de reais. Seu faturamento bruto anual é da ordem de 100 bilhões de reais, com margens líquidas em torno de 5%. A empresa deve 14 bilhões de reais aos bancos (já autorizados pela justiça a venderem suas ações para liquidar o débito contraído pela petroquímica para socorrer a sua holding fortemente afetada pela operação Lava Jato). 

Ela também deve entre uma dezena e meia a duas dezenas de bilhões de reais aos credores restantes em Alagoas. Nem é preciso fazer contas para “ver” que a companhia não tem como pagar as duas dívidas no curto prazo... A decisão ruinosa da Novonor de envolver a única empresa do grupo potencial presente e futuro em seu socorro findou por levar a Braskem a esta situação. Nos últimos anos vários grupos se interessaram em adquiri-la, mas ao se defrontarem com a real situação da empresa em Alagoas por conta do megadesastre findaram por desistir. 

Pelo enorme potencial de conflitos e pela ameaça que a dívida local pode vir a ser para o balanço da empresa. A partir daí, a Braskem “construiu” estratégia para “resolver a dívida de Alagoas”. O acordo com as promotorias federal e estadual, francamente favorável, lhe assegura a “posse de parte de Maceió” para fazer como bem quiser suas intervenções (sic!) (sic!). É o macaco tomando conta das bananas! O suspeito acordo irrisório com a Prefeitura de Maceió (1,7 bilhão de reais para receber 1 bilhão de reais quando a prejuízo potencial da cidade é superior a 8 bilhões de reais) é outro exemplo de como ela está “resolvendo” a sua dívida por aqui, confiante na lentidão da justiça e na impunidade local. 

Agora ela e os interessados na sua compra estão armando para deixar a dívida de empresa com o governo de Alagoas e outras 173 mil pessoas “para depois”. Decisão perniciosa, que só beneficia o agressor. Os interessados na sua aquisição (Petrobras, J&F e Unipar) estão em “due dilligence” na Braskem, etapa que precede a eventual oferta formal de cada um pela empresa. Os negociadores de Alagoas devem se antecipar a essas ofertas se movimentando em duas frentes. Internamente organizando-se para as tratativas e externamente para assegurar que a venda só ocorra após solução do “caso Alagoas” e apresentando proposta ganha-ganha, distante da decisão conservadora e preguiçosa dos players de “empurrar de barriga” o nosso estado. Trata-se de um movimento que revolucionará o “modus operandi” da transação. Estamos num momento crucial das tratativas.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


Encontrou algum erro? Entre em contato