colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

A traição a Maceió e seu povo

10/09/2023 - 07:04

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Afrânio Bastos
Imagem da região afetada pela mineração da Braskem
Imagem da região afetada pela mineração da Braskem

Num mundo em que a comunicação instantânea é uma realidade, é espantoso quando se ouve de um dignitário a defesa de “segredos” nas decisões de ministros do Supremo, quando se sabe que a luz do sol é o melhor detergente para limpar a sujeira de debaixo dos tapetes e de detrás de cortinas cerradas do poder para esconder a verdade e/ou beneficiar pessoas e grupos específicos. Se a nível federal uma “sugestão” cavilosa como essa em tudo contrária aos ritos democráticos e que emana o odor fétido da corrupção, o que se pensar aqui da nossa mirrada província povoada de segredos de polichinelos, que todos sabem e a maioria finge que não vê? 

É o caso dessa atual gestão municipal que tal como Judas traiu Jesus em troca de 33 moedas – a merreca daquela época – esta gente traiu Maceió e os alagoanos, ao entregar parte significativa de nossa capital à Braskem pelas “33 moedas” modernas – uma merreca de R$ 1,7 bilhão (quando o prejuízo que a empresa causou se aproxima de pelo menos 4 vezes mais), entregando também de forma ilegal ruas, praças, avenidas, bens públicos em geral, coisa que qualquer advogado de porta de cadeia sabe ser crime. Aliás, por falar em advogado, alguém aí sabe por onde anda a OAB de passado tão importante na defesa de causas públicas locais de grande repercussão?... Pois é... 

Tá devendo a Maceió e seu povo uma posição digna dos seus dirigentes do passado. Anomia técnica é o mínimo que se pode dizer do que a instituição não anda fazendo neste caso da Braskem. Mas voltemos à traição da atual gestão de Maceió à população desta cidade. Os maceioenses precisam saber que além de “entregar” parte de Maceió de mão beijada à Braskem por uma ninharia vil, a gestão municipal ainda concordou que a Braskem “descontasse” R$ 700 milhões da merreca acertada, sob a desculpa que foi grana que ela, Braskem, já gastou em Maceió. Uma patifaria sem tamanho. A cara de pau dessa gente não tem limite. O que ela gastou até agora é fruto do “acerto” que ela fez com o MPF (sem a participação de ninguém vinculado ao tema) e que só interessa à Braskem. A prefeitura sabe disso. 

O prefeito sabe disso. Mas sabem o que essa gente fez além de entregar parte de Maceió à Braskem? Pediram – e a justiça concedeu – segredo de justiça para essa imoralidade. Como se os alagoanos não soubessem o que está acontecendo com essa infausta negociata que entrega Maceió a uma multinacional que destruiu a vida de mais de 60 mil pessoas, afetou a de outras 80 mil que moram no entorno do problema, destruiu 14% dos manguezais da nossa amada Lagoa Mundaú, transtornou a vida de algumas das prefeituras do entorno e causou o maior crime ambiental do mundo em área urbana... Recentemente, o prefeito andou reunindo parte da população afetada em reuniões para colher sugestões e prometer que iria “estudar” como implementá-las com a merreca que sobrou depois da Braskem tomar de volta mais de 40% da grana. Não vai fazer nada disso. 

Somente com mobilidade será necessário se investir algo próximo a R$ 4 bilhões ou 400% mais que a esmola recebida da Braskem em troca de parte significativa de Maceió para se refazer o que foi destruído pelo megadesastre. Está de novo enganando as pessoas! Fico a me perguntar: onde estão os órgãos de justiça em Alagoas? Por que ninguém ainda entrou com uma ação criminal contra essa patifaria? O que faz a OAB que não age? O que fazem as entidades civis que não denunciam essa excrescência? Onde estão todos?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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