colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Negociar é uma arte que exige tempo

26/11/2023 - 07:59
Atualização: 26/11/2023 - 08:07

ACESSIBILIDADE

Extra/Arquivo
Braskem em Maceió
Braskem em Maceió

Os chineses conhecidos por sua arte multimilenar de negociar têm um provérbio: “uma negociação pode ser uma longa caminhada”. E mais não diz por desnecessário. Negociação leva tempo. “Só é possível negociar rápido e com eficiência se as partes tiverem investido durante um bom tempo numa relação de mútua confiança”. (Barchik, 2008). E relacionamentos de confiança, sabemos, demandam tempo. 

Velocidade nesses casos, pode se tornar puro veneno. Por outro lado, somente se negocia com o “outro lado” o que já esteja claramente pacificado “do lado de cá”, sob pena do negociador vir a ser desautorizado e as negociações darem com os burros n’água. Isso é primário. Os americanos, práticos como sempre, deixam de lado quaisquer veleidades de acelerar o que é por essência para ser tratado com muito cuidado. E usam uma frase clássica: Good things take time.

Coisas boas levam tempo [para se alcançar]. Participar de negociações exige três qualidades intrínsecas: paciência (a mais importante), perseverança (nunca acelerar o que ainda precisa ser “arredondado” numa tratativa) e, alta expertise para conduzir temas sensíveis com segurança, clareza de raciocínio e treinamento capaz de levar a bom termo uma negociação intrincada. 

Além disso, uma negociação para ser bem sucedida e obter resultados duradouros precisa ser baseada numa proposta ganha-ganha, que seja vantajosa para todas as partes direta e indiretamente envolvidas nas tratativas.

Recentemente concluímos o levantamento do passivo da Braskem em Alagoas e avançamos numa proposta que ao mesmo tempo atende aos anseios dos 148.400 afetados pelo megadesastre provocado pela empresa em nossa capital e à cidade de Maceió, abandonados que foram pela Prefeitura de Maceió no acordo-traição que celebrou com a Braskem; as 8 prefeituras da região metropolitana de Maceió também muito prejudicadas por aquele evento e o Governo de Alagoas, afetado por enormes prejuízos na área de mobilidade, patrimônio, fiscal e ambiental, além de algumas empresas estatais.

A proposta também contempla o fundo ADNOC provável comprador das ações da Novonor na petroquímica; a Petrobras que pode assumir o controle da empresa sem gastar nada, ou quase nada; o governo federal, que se vê livre de um abacaxi gigante naquela que é a maior petroquímica da América Latina e 6ª maior do mundo que, por sua vez, livre das amarras da atual controladora voltará a crescer e até ampliar seus mercados, enquanto sua atual holding Novonor poderá retomar tratativas para sair da situação em que se encontra. 

Não fica nisso: com a venda, será automática a valorização das ações da empresa, ganhando os demais acionistas que se livram das preocupações de uma empresa com uma enorme dívida; ganha Maceió que passaria por uma gigante transformação urbanística, ganha Alagoas que zera o passivo que a empresa contraiu no estado, amplia no futuro a sua receita com a retomada da exploração do sal-gema em áreas seguras e condições especiais de segurança. Trata-se de excepcional oportunidade para se resolver o problema causado pela Braskem em nosso estado. Mas é preciso desinflar egos, atuar unidos na defesa dos interesses alagoanos.

Não esqueçamos o slogan governamental que desta vez “Ninguém vai ficar trás”. Levar isso a bom termo não é tarefa simples. Precisa ter à frente o senador Renan e o governador apoiados por consultoria jurídica no mesmo nível da que a Braskem possui. Never give up looking for the best (nunca desistamos do melhor).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


Encontrou algum erro? Entre em contato