colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

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06/04/2024 - 06:03

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Como é sabido, a Novonor precisa se desfazer – o mais rápido possível - das ações da Braskem, tornando-se controladora daquela empresa pelas razões amplamente conhecidas pelo mercado. Ao longo dos últimos seis anos, ela esteve prestes a concluir esse intento algumas vezes, mas não o fez – dentre outros fatores - devido aos números reais do passivo encaminhados às empresas interessadas serem afetados, uma vez que a Braskem apresenta números irreais, levando os interessados a desistir. No momento, o cenário apresenta-se diferente: o valor de mercado da empresa dificilmente permanecerá tão baixo quanto agora, tornando-a uma atraente compra barata. Além disso, o mercado projeta que logo após a transferência do controle acionário, as ações da Braskem darão um salto entre 30% e 50%. Isso representa uma vantagem comparativa para os adquirentes, que podem quase imediatamente ver até 50% do valor gasto na aquisição da hoje 18ª maior corporação petroquímica do mundo (já foi a 6ª).

Um terceiro fator a favor de uma decisão de compra da Braskem é que os dois gigantes empresariais, a Petrobras e o fundo ADNOC, operam com uma visão estratégica de longo prazo, capazes de suportar a pressão baixista atual do mercado de resinas. Além disso, a capacidade dos dois grupos compradores, somada à presença global da Braskem, são fatores que podem aumentar a competitividade da empresa, preparando-a para quando a turbulência do mercado de resinas passar.

Isso coloca os afetados pelo mega desastre provocado pela Braskem em Alagoas em uma situação que praticamente os obriga a reagir energicamente, se não quiserem ver seus prejuízos aumentarem ainda mais. É necessário avançar com as negociações, ou corre-se o risco real de ver o problema do passivo da Braskem com os alagoanos se prolongar por décadas. Quem avisa...

A tênue – mas não mais condição impeditiva para a conclusão da venda da empresa - ainda é o passivo da empresa em Alagoas (nem Braskem, nem Novonor, nem Petrobras ou o fundo ADNOC se manifestaram publicamente sobre isso). Essa ausência sinaliza uma tentativa de minimizar a dívida da Braskem com seus credores em Alagoas, o que, por outro lado, abre espaço para os credores migrarem suas reivindicações para os tribunais na Holanda. Isso pode se tornar um obstáculo significativo que os conselhos de administração das empresas envolvidas na compra da Braskem devem avaliar com cuidado...

O momento para Alagoas e para a Braskem é agora. Mas é preciso “acalmar os ânimos”. De um lado, a empresa não pode continuar a fazer ofertas injustas, como a aceita pela prefeitura de Maceió, onde a primeira ganhou tudo e Maceió perdeu todas as possibilidades de ressarcimento dos afetados e de reconstrução da parte da cidade destruída. E, do lado dos credores, é necessário entender que a melhor negociação é aquela que é possível."banner

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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