A calamidade da educação no Nordeste
O calamitoso quadro da baixa proficiência em leitura, escrita e matemática no Brasil, onde apenas cerca de 10% da população alcança níveis satisfatórios e o Nordeste apresentando índices ainda mais críticos (8%), clama por uma análise profunda, revisionista e propositiva. Está na cara que o que aí está não atende minimamente às necessidades dos estudantes, dos brasileiros e do nosso país.
Essa deficiência não apenas compromete e limita o desenvolvimento individual e coletivo, como quase elimina oportunidades e plena cidadania para os restantes 92% de nordestinos desprovidos da única arma para sair da miséria: a educação.
Nesse segmento, está tudo alarmantemente errado, mas se pudermos apontar um dos pontos centrais, este está na fragilidade e na distorção politizada da formação docente. Outro ponto que é um nó górdio: o Censo da Educação Básica revela que expressivos 40% dos professores atuam fora de sua área de “especialização”, impactando ainda mais a rasa qualidade do ensino.
Soma-se a isso um mercado de capacitação docente criminosamente ineficaz, que beira mesmo o criminoso, desviando recursos sem gerar melhorias no aprendizado dos seus alunos. A falta de regulação e de avaliação rigorosa dessas sinecuras perpetua esse cenário. E afunda ainda mais a educação.
Ademais, a politização das escolas desvia o foco do processo educativo, polariza e compromete a formação integral dos estudantes, mina a autonomia docente e impede a construção de um ambiente de aprendizado plural. É preciso reverter a catastrófica baixa proficiência, reformatar a formação docente, focar em práticas pedagógicas e metodologias eficazes. Capturar o aluno de volta. Isso é inegociável.
O enfrentamento da tragédia da educação no Nordeste passa também por escalar o processo e o modelo de avaliação, que deve ser rigorosa e que vincule o investimento em formação a ganhos mensuráveis no aprendizado dos alunos.
A superação dessa crise educacional exige um novo modelo que integre currículo atual, práticas metodológicas e pedagógicas baseadas em evidências e resultados concretos, metas claras para aferir a melhoria nos indicadores de aprendizagem. Despolitizar as escolas, assegurando um ambiente neutro que priorize o desenvolvimento integral está entre as prioridades.
A turma sabe disso, existem milhares, eu disse milhares de diagnósticos nesse sentido. Mas não fazem acontecer. E para isso, haja desculpas! Algumas centenárias.
O Instituto Nordeste vai “pôr a mão na cumbuca”. Seremos “pedra no sapato”. Vamos iniciar microscopicamente na área da educação para provar, pontualmente, que em 10 anos é possível sair dessa infâmia atual para a proficiência. Primeiro na educação básica. E a seguir nas demais.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA