Um busilis evitável
A crise entre Brasil e Estados Unidos não caiu do céu: foi cuidadosamente arquitetada, como quem monta um dominó ideológico e torce para que ele caia com estrondo internacional. Lula, em sua cruzada insana por relevância global, parece acreditar que confronto rende mais manchete que cooperação. E Alexandre de Moraes, transformado em protagonista de uma novela judicial que abriu espaço para um bananinha qualquer, mais para judas, ajudar a atacar o Brasil para salvar o pai golpista, acabou inserido no imbróglio internacional — com sanções e tudo.
O Brasil está hoje em uma posição diplomática que flerta com o isolamento. Apoios a regimes como o da Venezuela, flertes com o Irã, críticas ao Ocidente, afagos a Putin e recados nada sutis contra Israel colocaram o país numa rota de colisão com os EUA. No epicentro, Lula e sua diplomacia de palanque: mais retórica do que estratégia. E nenhuma tática. Na base do arrumadinho de sempre.
A cobrança chegou. Tarifas de 50% sobre exportações mantidas para mais de 2 mil produtos brasileiros, congelamento de acordos bilaterais e, no caso de Moraes, uma Lei Magnitsky na testa — algo reservado a repressões e abusos reconhecidos internacionalmente. O Brasil virou manchete não por seus avanços, mas pelos seus tropeços calculados. Pela corrupção de valores que se tornaram a regra desse governo.
A diplomacia brasileira, que já foi símbolo de ponderação, hoje parece mais um departamento de militância. O Itamaraty não lidera — obedece. Os canais com Washington estão entupidos por ideologia, e o vice Alckmin, em vez de pontes, tenta vender utopias em embalagem de centro político.
E a população? Assiste, entre o cansaço e o espanto. Não pediu briga com os EUA, não vê benefícios em sancionar Israel, e tampouco entende como a Corte Suprema virou personagem principal de tensões internacionais. Quem votou queria pão, segurança e emprego — não ver navios iranianos atracando em portos brasileiros como convidados de honra.
Enquanto isso, Lula faz discursos em que parece mais empenhado em desconstruir o dólar do que reconstruir a economia brasileira. Moraes defende sua atuação como um farol democrático, mas internacionalmente virou símbolo de exceções preocupantes. O resultado é um Brasil menos influente, mais vulnerável e diplomaticamente desacreditado.
A soberania não se afirma com liturgias de confronto — mas com inteligência, respeito e pragmatismo. O momento exige freio, não acelerador. E o Brasil precisa escolher: vai continuar jogando xadrez ideológico em tabuleiro global ou vai aprender que em política externa quem grita alto demais acaba isolado e com bocha na mão...?
Cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA