colunista

Elias Fragoso

Economista, foi prof. da UFAL, Católica/BSB, Cesmac, Araguaia/GYN e Secret. de Finanças, Planej. Urbano/MCZ e Planej. do M. da. Agricultura/DF e, organizador do livro Rasgando a Cortina de Silêncios.

Conteúdo Opinativo

Olha a negociação aí, gente!

24/08/2025 - 05:33
Atualização: 24/08/2025 - 10:10
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Vejamos se apelando para o grito de guerra da escola de samba beija-flor imortalizado na voz do seu interprete maior, o neguinho da beija-flor prá ver se conseguimos a atenção do distinto público para uma questão muito importante. Talvez, uma das mais importantes das últimas décadas para esse Estado e essa cidade.

O mercado e todo mundo acompanham, de perto, o complexo cenário de transferência acionária da Braskem. O que se desenha não é uma simples negociação, mas um verdadeiro imbróglio de interesses que envolve a Novonor, acionista majoritária, e um conjunto de investidores. A holding da Braskem, que havia concedido exclusividade para o investidor Nelson Tanure, comunicou ao mercado a continuidade do diálogo mesmo após o prazo de exclusividade ter expirado.

Paralelamente, uma outra negociação avança, na qual a consultoria IG4 busca obter a exclusividade na compra dos créditos dos bancos junto à Novonor. E é a opção preferida dos bancos. São duas vias distintas, mas que se cruzam na busca por uma solução para a aquisição do controle e do futuro da petroquímica.

Para entender a complexidade dessa disputa: a IG4 propõe uma modelagem similar à que foi aplicada na reestruturação da Iguá (antiga CAB Ambiental), onde a gestora e os bancos trabalharam em conjunto para equacionar o passivo da empresa com eles. O plano a IG4 (apoiada pelos Bancos) sugere que a Novonor entregue suas ações na Braskem à consultoria, que constituiria um fundo que passaria a gerir a empresa, enquanto os bancos continuariam a deter direitos sobre seus créditos, mas como cotistas do fundo a ser criado. Uma formatação que, na prática, só interessa às instituições bancárias. E uma solução de longo prazo. Que diante da situação de quase insolvência da empresa demandaria o aporte de pesados recursos para assegurar a sua sustentabilidade. O que nem Bancos, ou Petrobras – ao que parece – estariam dispostos a fazer...

Em meio a essa intrincada dança de negociações e interesses conflitantes, a situação em Maceió se torna cada vez mais sensível. A saída da Braskem da Praia do Pontal, é um alívio e um passo fundamental para o futuro da cidade. E isso se dá no contexto de sua luta para minimizar a deterioração de seu crédito e a alta alavancagem, resultado em parte dos desdobramentos do mega desastre que ela provocou.

É neste ponto que a inação local se torna mais evidente. Enquanto o circo das negociações pega fogo em nível nacional, os credores alagoanos e as autoridades se mantêm à margem, preocupados com questiúnculas menores, alheios ao jogo de poder que moldará o futuro desta cidade e o da vida dos afetados.

A prova viva disso é a ausência de um posicionamento estratégico, apesar de toda a retórica de uns e do outros. Diante de tudo isso, estamos deixando passar uma oportunidade de ouro para se inserir no contexto da negociação com uma proposta concreta e para além das expectativas - já formatada - cujo potencial para resolver este complexo cenário está acima dos melhore sonhos desejados pelos alagoanos. A solução está à mesa, pronta para ser negociada. Demanda apoio.

O que se espera das autoridades e dos representantes dos afetados num momento crucial como esse não é retórica, dissensos, e ações inócuas, mas sim um posicionamento claro de apoio para que ela seja apresentada aos investidores. A inércia não pode mais ser uma opção. Ou será, como o mais do mesmo de sempre?

O que vai ser?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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