A mancha negra veio e foi embora. E os culpados ?

O nosso Nordeste viveu momentos de muita angústia e tristeza nos últimos três meses. A mancha negra de um produto tóxico para seres humanos e animais causou prejuízos para a saúde e para os comerciantes, especialmente os que conviveram de perto com o desastre ecológico, como banhistas, pescadores, barraqueiros, vendedores ambulantes, donos de bares e restaurante das praias de um bom número de cidades nordestinas, entre outros. Residentes e turistas que tiveram contato com o material estranho foram parar em postos de saúde e os pescadores não colocaram seus barcos no mar.
De início, o próprio governo por meio de seus órgãos diretamente ligados a fiscalização, recomendava que não fossem consumidos peixes e outros crustáceos do mar e rios afetados. Alguns pescadores que se arriscavam com a pesca não conseguiam vender seus produtos. A população estava temerosa, com medo de outras consequências graves. Depois de vários exames feitos em laboratórios, se chegou à conclusão que não havia risco e o povo deveria consumir sem problemas. Até se acostumar com a ideia demorou um pouco, mas tudo já voltou à normalidade, menos os preços, que aumentaram muito com a chegada do período natalino.
Dito isto, a normalidade voltou até para o próprio governo, que, na mídia, faz campanha para que a população fique tranquila, que o susto passou, que já não existe mais a mancha negra de petróleo nas praias e rios e que o Nordeste, e parte do Sudeste, já estão livres do problema. Ótimo, uma maravilha. E os culpados foram encontrados? Parece até que a situação surgiu do nada e ao nada voltará. Instituições como a Marinha do Brasil, a Petrobras e a Polícia Federal estão já há alguns dias caladas, como tendo dado o caso por encerrado e não fazem os mesmos alardes de antes.
Me recordo que, no início, a Venezuela foi acusada, inclusive na fala do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, como a responsável pelo derramamento do petróleo em nosso país, pois só lá se produz aquele tipo de matéria prima. Depois, se chegou à conclusão que um navio grego, vindo da Venezuela e que teria passado dias antes na costa nordestina, era o principal responsável pelo derramamento do produto. Diretores da empresa foram ouvidos na cidade do Rio de Janeiro, negaram tal situação, e o assunto não foi mais comentado nessa direção.
Por fim, mais cinco outras embarcações de grande porte com esse tipo de carregamento, também passaram pela nossa costa, mas sem nenhuma conclusão ou responsabilização sobre o crime ambiental. Finalizando, os técnicos analistas de laboratórios da Universidade Federal de Alagoas chegaram a outras conclusões, inclusive com a descoberta de novas rotas e pistas. Então: quem derramou o óleo bruto encontrado em praias e rios brasileiros? Continuamos a fazer a mesma pergunta e ficamos sem a resposta, pelo silêncio de dias das autoridades brasileiras.
Pode ser que até nesse exato momento em que você está lendo a coluna, já tenha sido encontrada a resposta para tudo isso, mas duvido que venha ocorrer. O Brasil é assim mesmo. Faz uma farra com as coisas e, depois, cai no esquecimento. Para não esquecer e ser chato: cadê os culpados?
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA